quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Vida


Na literatura francesa, Guy de Maupassant se destaca como contista, como fabricador de histórias enesquecíveis. Um dia lhe perguntaram qual o segredo para redigir um conto de valor. A resposta veio pronta:

Deve ter um bom começo e um bom final.
 Mas, e no meio ? O que se coloca entre este início e desfecho ?
No meio deve estar o artista - respondeu calmamente Maupassant.

Na difícil e complexa arte de viver, existem bons e maus artistas. Cada qual constrói e molda sua existência, com ou sem arte, dissipando-a ou valorizando-a.

Mesmo não sendo Miguel Ângelo, você pode fazer da sua vida uma obra prima agradável a Deus e preciosa para seus irmãos. Viver é repartir com alegria fraternal.

( Padre Roque Schneider )



terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Mensagem do Papa - 46º Dia Mundial das Comunicações Social


Boletim da Santa Sé




Mensagem
Silêncio e palavra: caminho de evangelização
Mensagem do Papa Bento XVI para o Dia Mundial das Comunicações Social
Terça-feira, 24 de janeiro de 2012


Amados irmãos e irmãs,
Ao aproximar-se o Dia Mundial das Comunicações Sociais de 2012, desejo partilhar convosco algumas reflexões sobre um aspecto do processo humano da comunicação que, apesar de ser muito importante, às vezes fica esquecido, sendo hoje particularmente necessário lembrá-lo. Trata-se da relação entre silêncio e palavra: dois momentos da comunicação que se devem equilibrar, alternar e integrar entre si para se obter um diálogo autêntico e uma união profunda entre as pessoas. Quando palavra e silêncio se excluem mutuamente, a comunicação deteriora-se, porque provoca um certo aturdimento ou, no caso contrário, cria um clima de indiferença; quando, porém se integram reciprocamente, a comunicação ganha valor e significado.
O silêncio é parte integrante da comunicação e, sem ele, não há palavras densas de conteúdo. No silêncio, escutamo-nos e conhecemo-nos melhor a nós mesmos, nasce e aprofunda-se o pensamento, compreendemos com maior clareza o que queremos dizer ou aquilo que ouvimos do outro, discernimos como exprimir-nos. Calando, permite-se à outra pessoa que fale e se exprima a si mesma, e permite-nos a nós não ficarmos presos, por falta da adequada confrontação, às nossas palavras e ideias. Deste modo abre-se um espaço de escuta recíproca e torna-se possível uma relação humana mais plena. É no silêncio, por exemplo, que se identificam os momentos mais autênticos da comunicação entre aqueles que se amam: o gesto, a expressão do rosto, o corpo enquanto sinais que manifestam a pessoa. No silêncio, falam a alegria, as preocupações, o sofrimento, que encontram, precisamente nele, uma forma particularmente intensa de expressão. Por isso, do silêncio, deriva uma comunicação ainda mais exigente, que faz apelo à sensibilidade e àquela capacidade de escuta que frequentemente revela a medida e a natureza dos laços. Quando as mensagens e a informação são abundantes, torna-se essencial o silêncio para discernir o que é importante daquilo que é inútil ou acessório. Uma reflexão profunda ajuda-nos a descobrir a relação existente entre acontecimentos que, à primeira vista, pareciam não ter ligação entre si, a avaliar e analisar as mensagens; e isto faz com que se possam compartilhar opiniões ponderadas e pertinentes, gerando um conhecimento comum autêntico. Por isso é necessário criar um ambiente propício, quase uma espécie de «ecossistema» capaz de equilibrar silêncio, palavra, imagens e sons.
Grande parte da dinâmica atual da comunicação é feita por perguntas à procura de respostas. Os motores de pesquisa e as redes sociais são o ponto de partida da comunicação para muitas pessoas, que procuram conselhos, sugestões, informações, respostas. Nos nossos dias, a Rede vai-se tornando cada vez mais o lugar das perguntas e das respostas; mais, o homem de hoje vê-se, frequentemente, bombardeado por respostas a questões que nunca se pôs e a necessidades que não sente. O silêncio é precioso para favorecer o necessário discernimento entre os inúmeros estímulos e as muitas respostas que recebemos, justamente para identificar e focalizar as perguntas verdadeiramente importantes. Entretanto, neste mundo complexo e diversificado da comunicação, aflora a preocupação de muitos pelas questões últimas da existência humana: Quem sou eu? Que posso saber? Que devo fazer? Que posso esperar? É importante acolher as pessoas que se põem estas questões, criando a possibilidade de um diálogo profundo, feito não só de palavra e confrontação, mas também de convite à reflexão e ao silêncio, que às vezes pode ser mais eloquente do que uma resposta apressada, permitindo a quem se interroga descer até ao mais fundo de si mesmo e abrir-se para aquele caminho de resposta que Deus inscreveu no coração do homem.
No fundo, este fluxo incessante de perguntas manifesta a inquietação do ser humano, sempre à procura de verdades, pequenas ou grandes, que dêem sentido e esperança à existência. O homem não se pode contentar com uma simples e tolerante troca de cépticas opiniões e experiências de vida: todos somos perscrutadores da verdade e compartilhamos este profundo anseio, sobretudo neste nosso tempo em que, «quando as pessoas trocam informações, estão já a partilhar-se a si mesmas, a sua visão do mundo, as suas esperanças, os seus ideais» (Mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais de 2011).
Devemos olhar com interesse para as várias formas de sítios, aplicações e redes sociais que possam ajudar o homem atual não só a viver momentos de reflexão e de busca verdadeira, mas também a encontrar espaços de silêncio, ocasiões de oração, meditação ou partilha da Palavra de Deus. Na sua essencialidade, breves mensagens – muitas vezes limitadas a um só versículo bíblico – podem exprimir pensamentos profundos, se cada um não descuidar o cultivo da sua própria interioridade. Não há que surpreender-se se, nas diversas tradições religiosas, a solidão e o silêncio constituem espaços privilegiados para ajudar as pessoas a encontrar-se a si mesmas e àquela Verdade que dá sentido a todas as coisas. O Deus da revelação bíblica fala também sem palavras: «Como mostra a cruz de Cristo, Deus fala também por meio do seu silêncio. O silêncio de Deus, a experiência da distância do Onipotente e Pai é etapa decisiva no caminho terreno do Filho de Deus, Palavra Encarnada. (...) O silêncio de Deus prolonga as suas palavras anteriores. Nestes momentos obscuros, Ele fala no mistério do seu silêncio» (Exort.  ap. pós-sinodal Verbum Domini, 30 de Setembro de 2010, n. 21). No silêncio da Cruz, fala a eloquência do amor de Deus vivido até ao dom supremo. Depois da morte de Cristo, a terra permanece em silêncio e, no Sábado Santo – quando «o Rei dorme (…), e Deus adormeceu segundo a carne e despertou os que dormiam há séculos» (cfrOfício de Leitura, de Sábado Santo) –, ressoa a voz de Deus cheia de amor pela humanidade.
Se Deus fala ao homem mesmo no silêncio, também o homem descobre no silêncio a possibilidade de falar com Deus e de Deus. «Temos necessidade daquele silêncio que se torna contemplação, que nos faz entrar no silêncio de Deus e assim chegar ao ponto onde nasce a Palavra, a Palavra redentora» (Homilia durante a Concelebração Eucarística com os Membros da Comissão Teológica Internacional, 6 de Outubro de 2006). Quando falamos da grandeza de Deus, a nossa linguagem revela-se sempre inadequada e, deste modo, abre-se o espaço da contemplação silenciosa. Desta contemplação nasce, em toda a sua força interior, a urgência da missão, a necessidade imperiosa de «anunciar o que vimos e ouvimos», a fim de que todos estejam em comunhão com Deus (cf. 1 Jo 1, 3). A contemplação silenciosa faz-nos mergulhar na fonte do Amor, que nos guia ao encontro do nosso próximo, para sentirmos o seu sofrimento e lhe oferecermos a luz de Cristo, a sua Mensagem de vida, o seu dom de amor total que salva.
Depois, na contemplação silenciosa, surge ainda mais forte aquela Palavra eterna pela qual o mundo foi feito, e identifica-se aquele desígnio de salvação que Deus realiza, por palavras e gestos, em toda a história da humanidade. Como recorda o Concílio Vaticano II, a Revelação divina realiza-se por meio de «ações e palavras intimamente relacionadas entre si, de tal modo que as obras, realizadas por Deus na história da salvação, manifestam e confirmam a doutrina e as realidades significadas pelas palavras; e as palavras, por sua vez, declaram as obras e esclarecem o mistério nelas contido» (Const. dogm. Dei Verbum, 2). E tal desígnio de salvação culmina na pessoa de Jesus de Nazaré, mediador e plenitude da toda a Revelação. Foi Ele que nos deu a conhecer o verdadeiro Rosto de Deus Pai e, com a sua Cruz e Ressurreição, nos fez passar da escravidão do pecado e da morte para a liberdade dos filhos de Deus. A questão fundamental sobre o sentido do homem encontra a resposta capaz de pacificar a inquietação do coração humano no Mistério de Cristo. É deste Mistério que nasce a missão da Igreja, e é este Mistério que impele os cristãos a tornarem-se anunciadores de esperança e salvação, testemunhas daquele amor que promove a dignidade do homem e constrói a justiça e a paz.
Palavra e silêncio. Educar-se em comunicação quer dizer aprender a escutar, a contemplar, para além de falar; e isto é particularmente importante paras os agentes da evangelização: silêncio e palavra são ambos elementos essenciais e integrantes da ação comunicativa da Igreja para um renovado anúncio de Jesus Cristo no mundo contemporâneo. A Maria, cujo silêncio «escuta e faz florescer a Palavra» (Oração pela Ágora dos Jovens Italianos em Loreto, 1-2 de Setembro de 2007), confio toda a obra de evangelização que a Igreja realiza através dos meios de comunicação social.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

O endereço da felicidade


Outro dia, recebi uma carta que iniciava assim:
-- Bem-aventurados aqueles que têm a preocupação de fazer felizes os outros.
Beleza de depoimento ! Mais uma bem-aventurança cristã, digna de ser vivida e concretizada no dia-a-dia !
Num mundo confuso, disperso, abatido, violento, inseguro, temos sede de paz, de harmonia, de felicidade e realização.
Quem encontra Deus, em profundidade, já não consegue escondê-lo. E transforma-se em apóstolo, naturalmente, difundindo  o Evangelho, anunciando Cristo. Cristo ressuscitado, nosso guia, mestre e redentor.
Bem-aventurados os que têm a preocupação de levar felicidade aos outros. Bem-aventurados os que passam pela vida anunciando aos irmãos o endereço de Jesus. Ei-lo:

A AVENIDA  do amor.
EDIFÍCIO da esperança.
ELEVADOR  da fé.
SALA da humildade.
BAIRRO da alegria.
CIDADE do reino de Deus.
CÓDIGO POSTAL: EVANGELHO
TELEFONE: vida sacramental.
EM QUE PAÍS ?
NO CORAÇÃO DOS HOMENS.

De um túmulo vazio a  Vida renasceu, um Caminho se abriu, a Verdade brotou. E nós cantamos Aleluia sorrindo fraternidade, promovendo a justiça, irradiando luz a caminho da ressurreição.

( Padre Roque Schneider )

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Uma arte nada fácil


Às vezes vejo pessoas que se seguram em si mesmas. Elas acham que conseguem soltar tudo. Mas seus ombros caídos mostram que não é bem assim, pois elas continuam presas, interiormente. Às vezes é preciso muito tempo até que elas realmente consigam soltar as coisas. " Soltar é uma arte libertadora. Segurar as coisas pode nos prender e criar bloqueios em nós. Preciso soltar as coisas às quais eu me apeguei. Enquanto considerei esse fato uma perda para mim, fui infeliz. Mas quando consegui encará-lo sob o aspecto de que a vida é libertada quando se morre, e também quando se soltam as coisas, senti uma profunda paz de espírito". Rabindranath Tagore, que formulou essa opinião, sabe que quando nos apegamos muito a uma coisa tornamo-nos incapazes de agir. Quando queremos uma coisa com muita voracidade, ficamos presos. Nossa mãos ficam amarradas. Por seu lado, soltar é um ato de libertação interior.

De fato, às vezes pode ser muito difícil soltar, e a serenidade é uma arte que não cai no nosso colo. Uma arte precisa ser aprendida. Frequentemente isso não é muito fácil - e muito menos ainda para os jovens. Pode soar um pouco peculiar o fato de termos de fazer algo pela serenidade. Mas não é um fazer, porém um deixar. Justamente, a verdadeira arte é exercitar o  "deixar" no "fazer". Eu desejo que justamente aquelas pessoas que têm muito a fazer aprendam essa arte. Ela consiste em deixar algo simplesmente acontecer. Aquilo que fazemos contrariados não nos trará felicidade. A pessoa com quem tudo acontece serenamente admite melhor as coisas. Ela não vai se sentir contrariada, mas vai deixar derreter na língua o que aceitou. E vai se alegrar com isso.

( Anselm Grün )

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Felicidade


" A felicidade se faz, não se acha."
( E.J. Hardy )


" Na plenitude da felicidade, cada dia é uma vida inteira."
( J.W. Goethe )


" O único meio de ser feliz é viver num mundo cheio de esperança."
( T. Merton )

A maior felicidade é caminhar pela vida com a mente conectada ao coração. É respeito e admiração pelos segredos da natureza, do homem e do mundo. Atender aos que pedem, ser gentil com os que partilham. Partilhar a companhia de amigos sinceros,  ter um amor verdadeiro. É possuir o necessário e transformar pequenos momentos em celebração da vida. É sentimento que faz sorrir a alma.

Por isso, a felicidade, quando partilhada, torna-se dobrada. Todas as coisas estão ao alcance das mãos, dentre elas a felicidade, pois ela é construção cotidiana. Se um dia alguém fizer com que se quebre a visão bonita que você tem de si mesmo, com muita paciência e amor reconstrua essa visão, assim como o artesão recupera a sua peça mais valiosa que caiu no chão. Reconstrua essa imagem agradável para si mesmo. Felicidade é aprender a ultrapassar-se a si mesmo e os próprios limites.

( Mensagens de vida, Antônio Francisco Bohn )

domingo, 8 de janeiro de 2012

Direcionando a uma única coisa


No Antigo Testamento a palavra tham corresponde à nossa simplicidade. Aliás, ela ainda contém muitos outros significados. A Septuaginta também a traduz de forma diferente, às vezes como "simples", ou então como "perfeito", sincero, verdadeiro, sagrado, irrepreensível". O próprio Deus conversa com Salomão: "Se, com o coração íntegro e aprumado, você trilhar diante de mim o caminho que seu pai Davi trilhou, e fizer tudo o que recomendei; se você obedecer meus mandamentos e recomendações, manterei seu trono de rei em Israel por toda a eternidade" ( 1Rs 9,5 ). Nesse caso simplicidade significa a total entrega do ser humano a Deus. Sou rei para servi-lo. Não importa a minha fama e meu poder, estou aqui simplesmente para o ser humano e para desejar o melhor para ele. Aquele que está disponível para o ser humano, com o coração simples, é uma bênção para ele. Podemos confiar nele. Sentimos que ele tem boas intenções. É livre de qualquer egocentrismo. Está totalmente impregnado pelo espírito de Deus. Ele se direciona a uma única coisa: ser bom e fazer o bem, desejando o melhor para as pessoas.

( Anselm Grün )

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

O verdadeiro caminho para o interior


Um caminho para se entrar em sintonia é explorar nosso interior. Quem entra para dentro de si mesmo descobre a riqueza interior da sua alma. No nosso interior - descobriu  Agostinho - nós nos encontramos com Deus. Pois Deus está mais no nosso interior do que nós mesmos. Muitas pessoas preferem assumir uma atividade. Isso também pode ser bom, como quando, depois de uma longa viagem, elas retornam e sentem um grande alívio. Mas a verdadeira viagem ao interior ocorre em nós mesmos. Alguns alegam que essa viagem interior é entediante ou até perigosa porque poderíamos descobrir nosso caos interior. Mas só quem ousa entrar no seu próprio interior pode alcançar a unidade e entrar em sintonia consigo mesmo.

( Anlsem Grün ) 

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Oração a São Miguel Arcanjo



Pequeno Exorcismo feito pelo Papa São Leão XIII
 [que deve ser rezado diariamente]
 
São Miguel Arcanjo, defendei-nos no combate, sede o nosso refúgio contra as maldades e ciladas do demônio. Ordene-lhe Deus, instantemente o pedimos, e vós, príncipe da milícia celeste, pela virtude divina, precipitai no inferno a satanás e a todos os  espíritos malignos, que andam pelo mundo para perder as almas. Amém.

O milagre impensável


"Não acreditarei em milagres, a não ser que vocês consigam me provar que uma perna decepada possa crescer de novo: isto jamais aconteceu e vocês não conseguirão me provar nada." Palavras imprudentes de um grande sábio ateu, pois este milagre impensável aconteceu realmente no dia 29 de março de 1640, na Espanha, sob a intercessão de Nossa Senhora do Pilar, quando um jovem camponês recuperou a perna direita que havia sido amputada e enterrada no cemitério do hospital, dois anos antes.

Uma pesquisa histórica rigorosa não deixa pairar dúvida alguma sobre a veracidade dos fatos: os arquivos disponíveis sobre a operação, sobre o " enterro" da dita perna, as averiguações policiais e o relatório do processo que reconhece, oficialmente, o milagre, foram reunidos por Vittorio Messori num livro extraordinário, que se transformou em best-seller em diversos países.

Segundo Vittorio Messori
O Milagre impensável (Mame 1998)

Consagração a Nossa Senhora do Pilar


Virgem Imaculada! Minha Mãe! Maria!
Eu vos renovo, hoje e para sempre
a consagração de todo o meu ser para que disponhais de mim
para o bem de todas as pessoas.

Somente vos peço, minha rainha e mãe da igreja,
força para cooperar fielmente
na vossa missão de trazer
o reino de Jesus ao mundo.

Ofereço-vos, portanto,
Coração Imaculado de Maria, as orações e os sacrifícios
deste dia, para que fiéis à nossa consagração,
sejamos igualmente disponíveis a colaborar convosco
na construção de um mundo novo,

 
ó Maria concebida sem pecado!
rogai por nós que recorremos a vós
e por todos quantos recorrem
a vós, de modo particular as famílias de nossa comunidade paroquial, que vos venera com o título de Senhora do Pilar.

Salve Rainha...

domingo, 1 de janeiro de 2012

Homilia de Bento XVI / Solenidade Maria Mãe de Deus 01/01/12


Boletim Sala de Imprensa da Santa Sé
(Tradução: Mirticeli Medeiros - equipe CN notícias)




HOMILIA
Santa Missa na Solenidade de Maria Mãe de Deus
Dia Mundial da Paz
Basílica de São Pedro - Vaticano
Domingo, 01 de janeiro de 2012



No primeiro dia do ano, a liturgia faz ressoar em toda a Igreja espalhada pelo mundo, uma antiga benção sacerdotal, que escutamos na primeira leitura. “O Senhor te abençoe e te guarde. O Senhor faça resplandecer para ti a sua face e te dê a graça. O Senhor volte para ti o seu rosto e te conceda a paz” (Nm 6, 24-26). Essa benção foi confiada por Deus através de Moisés, a Araão e aos seus filhos, isto é, aos sacerdotes do povo de Israel. È um triplice desejo pleno de paz, que promana da repetição do nome de Deus, do Senhor e da imagem do seu rosto. De fato, para sermos abençoados precisamos estar na presença de Deus, receber sobre nós o seu Nome e permanecer no raio de luz que parte do seu rosto, no espaço iluminado pelo seu olhar, que difunde graça e paz.

Essa é a experiência feita pelos pastores de Belém, que aparecem ainda no Evangelho de hoje. Eles fizeram a experiência de estar na presença de Deus e da sua benção, não na sala de um majestoso palácio, na presença de um grande soberano, mas sim em um estábulo, diante de um menino colocado em uma manjedoura. Exatamente daquele Menino irradia uma nova luz, que resplandece no escuro da noite, como podemos ver em tantas pinturas que reproduzem a natividade de Cristo. É dEle que vem a benção: do seu nome – Jesus, que significa 'Deus Salva' -  e do seu rosto humano, no qual Deus, o Onipotente Senhor do céu e da terra quis encarnar-se, esconder a sua glória sob o véu da nossa carne, para revelar-nos plenamente a sua bondade

A primeira a ser preenchida por essa benção foi Maria, a Virgem, esposa de José, que Deus escolheu desde o primeiro instante da sua existência para ser a mãe do seu Filho feito homem. Ela é a bendita entre as mulheres (Lc 1,42) – como a saúda Santa isabel. Toda a sua vida está na luz do Senhor, no raio da ação do nome e do rosto de Deus encarnado em Jesus, o fruto bendito do seu ventre. Assim a apresenta o Evangelho de Lucas: toda disposta a guardar e meditar no seu coração todas as coisas referentes ao seu filho Jesus (cfr Lc 2, 19.51). O mistério da sua divina maternidade, que hoje celebramos, contém em medida superabundante aquele dom da graça que toda maternidade humana traz em si, tanto que a fecundidade do ventre sempre foi associada à benção de Deus. A Mãe de Deus é a primeira abençoada e é Ela que traz a benção, é a mulher que acolheu Jesus em si e o deu à luz para toda a a família humana. Como reza a Liturgia: “sempre intacta na sua glória virginal, irradiou sobre o mundo a luz eterna, Jesus Cristo nosso Senhor” (Prefácio da Beata Virgem maria 1)

Maria é mãe e modelo da Igreja, que acolhe na fé a divina Palavra e se oferece a Deus como “terra boa” na qual Ele pode continuar a cumprir o seu mistério de salvação. Também a Igreja participa ao mistério da divina maternidade mediante a pregação, que espalha no mundo a semente do Evangelho e mediante os Sacramentos que comunicam aos homem a graça e a vida divina. Em particular no sacramento do Batismo, a Igreja vive essa maternidade, quando gera os filhos de Deus da água e do Espírito Santo, o qual em cada um exclama: “Abbá! Pai! (Gal 4,6). Como Maria, a Igreja é mediadora da benção de Deus para o mundo: a recebe acolhendo Jesus e a transmite levando Jesus. É Ele a misericórdia e a paz que o mundo por si não pode dar-se e da qual tem necessidade sempre, como ou mais que o pão.

Caros amigos, a paz, no seu sentido pleno e mais alto é a soma e a síntese de todas as bençãos. Por isto, quando duas pessoas amigas se encontram, se saúdam desejando reciprocamente a paz. Também a Igreja, no primeiro dia do ano invoca de modo especial esse bem supremo e o faz, como a Virgem Maria, mostrando a todos Jesus, porque como afirma o apóstolo Paulo, “Ele é a nossa paz” (Ef 2, 14) e ao mesmo tempo é a via através da qual os homens e os povos podem alcançar essa meta, a qual todos aspiramos. Levando, portanto, no coração este profundo desejo, tenho o prazer de acolher e saudar todos vocês, que no dia em que se celebra a XLV Jornada Mundial da Paz vieram à Basílica de São Pedro: os Senhor Cardeais, os embaixadores de tantos países amigos, que mais que nunca nesta ocasião, partilham comigo e com a Santa Sé a vontade de renovar o empenho pela promoção da paz no mundo; O presidente do Pontifício Conselho da Justiça e da Paz, que com o secretário e os colaboradores trabalham em modo especial por esta finalidade; os outros prelados e autoridades presentes; os representantes de Associações e Movimentos eclesiais e todos vós, irmãos e irmãs, em particular aqueles que entre vós trabalham no campo da educação dos jovens. De fato – como sabeis – a prospectiva educativa é aquela que enfatizei na minha mensagem deste ano.

“Educar os jovens à justiça e à paz”  é objetivo que compreende todas as gerações, e graças a Deus, a família humana, depois das tragédias das duas grandes guerras mundiais, mostrou-se cada vez mais consciente, como atestam, de uma parte, declarações de iniciativas internacionais, e de outra, a afirmação dos próprios jovens, nas últimas décadas, de tantas e diversas formas de empenho social neste campo. Para a comunidade eclesial educar à paz faz parte da missão recebida de Cristo, faz parte integrante da evangelização porque o Evangelho de Cristo também é Evangelho de Justiça e Paz. Mas a Igreja, nos últimos tempos, se fez intérprete de uma exigência que envolve todas as consciências mais sensíveis e responsáveis pelo futuro da humanidade: a exigência de responder a um desafio decisivo que é o desafio educativo. Por que “desafio”? Pelo menos por dois motivos: em primeiro lugar, porque na era atual, fortemente caracterizada pela mentalidade tecnológica, querer educar e não somente instruir é uma escolha; em segundo lugar, porque a cultura relativista coloca uma questão radical: tem sentido ainda educar? Educar para quê?

Naturalmente não podemos ir de encontro a essas questões a fundo, as quais procurei responder em outras ocasiões. Gostaria ao invés disso, destacar que, diante  das sombras que hoje obscuram o horizonte no mundo, assumir a responsabilidade de educar os jovens à consciência da verdade, aos valores fundamentais da existência, às virtudes intelectuais, teologais e morais, significa olhar para a futuro com esperança. Nesse empenho por uma educação integral, entra também a formação à justiça e à paz. Os rapazes e moças de hoje crescem em um mundo que se tornou, por assim dizer, mais pequeno, onde os contatos entre as diferentes culturas e tradições, mesmo que muitas vezes não de forma direta, são constantes. Para eles, hoje, mais que nunca, é indispensável aprender o valor e o método da convivência pacífica, do respeito recíproco, do diálogo e da compreensão. Os jovens são por natureza abertos a essas atitudes, mas exatamente a realidade social na qual crescem podem levá-los a pensar e a agir em modo oposto, de modo intolerante e violento. 
Somente uma sólida educação da consciência deles pode coloca-los à parte desses riscos e torná-los capazes de lutar sempre e contando somente com  a força da verdade e do bem. Essa educação parte da família e se desenvolve na escola e nas outras experiências formativas. Se trata essencialmente de ajudar as crianças, os jovens, os adolescentes, a desenvolver uma personalidade que una um profundo sentido de justiça com o respeito do outro, com a capacidade de enfrentar os conflitos sem prepotência, com a força interior de testemunhar o bem também quando custa sacrifício, com o perdão e a reconciliação. Assim poderão tornar homens e mulheres verdadeiramente pacíficos e construtores da paz.

Nesta obra educativa voltada para as novas gerações, uma responsabilidade particular cabe também às comunidades religiosas. Todo itinerário de autêntica formação religiosa acompanha a pessoa, desde os primeiros anos de idade, a conhecer Deus, a amar e a fazer a sua vontade. Deus é amor, é justo e pacífico, e quem quer honrá-lo deve antes de mais nada comportar-se como um filho que segue o exemplo do Pai. Um Salmo afirma: “O Senhor cumpre coisas justas, defende os direitos de todos os oprimidos...Misericordioso e piedoso é o Senhor, lento para a ira e grande no amor” (Sal 103, 6.8). Em Deus justiça e misericórdia convivem perfeitamente, como Jesus nos demonstrou com o testemunho da sua vida. Em Jesus 'amor e verdade' se encontraram, 'justiça e paz' se uniram (cfr Sal 85, 12.13). Deus nos falou no seu Filho Jesus. Escutamos o que diz Deus: 'Ele anuncia a paz' (Sal 85,9). Jesus é uma via praticável, aberta a todos. É a via da paz. Hoje a Virgem Maria nos indica isso, nos mostra a Via: a sigamos! E vós, santa Mãe de Deus, acompanha-nos com a vossa proteção. Amém.