segunda-feira, 30 de julho de 2012

A prisão dos bens materiais

A trajetória religiosa-espiritual começa sempre com uma busca. Deus lança o apelo esperando nossa resposta.
Dificilmente se coloca a caminho quem jamais se questiona, quem se instala na poltrona do comodismo, do mais fácil, fugindo dos desafios. Raramente se colocam a caminho os que transformam sua vida num supermercado... na ânsia de adquirir objetos e coisas, de empilhar mercadorias, de construir conforto e bem-estar à sua volta. Cortante e questionadora é a frase de Saint-Exupéry:

"Trabalhando apenas para conseguir bens materiais, não fazemos mais do que construir nossa própria prisão. Encerramo-nos solitários com nossa provisão de cinzas, que não nos proporciona nada de útil e verdadeiro".

( Cinco minutos com Deus, Roque Schneider )

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Nunca é tarde demais


Em conversas fico sempre sabendo quantas pessoas sofrem por não terem realmente vivido. Elas têm a impressão de que até agora apenas preencheram as expectativas dos outros, mas nunca viveram realmente o que existe dentro delas, só passaram pela vida. E agora têm a impressão de que é tarde demais para encontrar o caminho de volta à sua vida. Mas nunca é tarde demais. Não se trata de lamentar o passado. Agora, neste momento, sou capaz de viver inteiramente, e não preciso fazer tudo diferente. Basta simplesmente chegar, estar em contato e viver consigo mesmo. Quando vivo conscientemente o dia de hoje, à noite, como o filósofo romano Sêneca: " Todas as manhãs trarão um novo ganho para aquele que todas as noites puder dizer 'eu vivi ' ". Quando eu realmente vivo hoje, o dia de amanhã também será bem-sucedido.


(Anselm Grün )

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Tudo depende da maneira de falar


Certa vez, um rei sonhou que havia perdido todos os dentes. Logo que despertou, mandou chamar um adivinho para que interpretasse seu sonho.
-Que desgraça, senhor ! - exclamou o adivinho. - Cada dente caído representa a perda de um parente de Vossa Majestade.
- Mas que atrevimento! - gritou o rei, enfurecido. - Como te atreves a dizer-me semelhante coisa? Fora daqui !
Chamou os guardas e ordenou que lhe dessem cem açoites. Mandou que trouxessem outro adivinho e contou-lhe sobre o sonho. Este, após ouvir o rei com atenção, disse-lhe:
-Senhor, grande felicidade vos está reservada ! O sonho significa que haveis de sobreviver a todos os vossos parentes.
A fisionomia do rei iluminou-se num sorriso, e ele mandou dar cem moedas de ouro ao segundo adivinho. Quando este saía do palácio, um dos cortesãos lhe disse admirado:
-Não é possível ! A interpretação que você fez foi a mesma que o seu colega havia feito. Não entendo por que ao primeiro ele pagou com cem açoites e a você com cem moedas de ouro.

- Lembra-se, meu amigo respondeu o adivinho, que tudo depende da maneira como se diz alguma coisa...

" Uma mesma verdade pode ser aceita ou não, dependendo apenas da maneira como é dita ".

( Extraído do livro, Para que minha vida se transforme, Maria Salette e Wilma Ruggeri )

domingo, 8 de julho de 2012

Anseio pelo infinito


"Nunca estamos contentes onde estamos".

O desejo grande que toda gente tem de descobrir coisas novas, outros mundos, é desse desejo que nasce o progresso. A bússola. Os grandes descobridores da América, do Brasil, das Índias, da Antártica. A máquina a vapor. A luz elétrica. A imprensa. O rádio. O cinema. A televisão. Os satélites artificiais. A viagem até a lua. A informática. Os raios lêiser e os robôs. A fibra  ótica. Os transplantes. E sabe Deus aonde o progresso poderá chegar !

Mas, o importante mesmo está na alma da gente: a paz, a satisfação de ser alguém, de se sentir pessoa realizada na vida.
Certa vez alguém me falou:

-Estou farto de tudo. Vou embora para longe daqui.
 Eu me lembro que lhe respondi:
-Não adianta você fugir. De você mesmo, você não escapa.
Claro que não adianta procurar, longe ou fora, a felicidade, que só pode florescer onde Deus a plantou: no coração de cada pessoa. Ela só se encontra onde a gente está.
Vicente de Carvalho, aí pelos anos de 1920, escrevia sobre o "Velho Tema":

" Essa felicidade, que supomos árvore milagrosa, que sonhamos toda arreada de dourados pomos, existe, sim, mas nós não a alcançamos, porque está sempre apenas onde  a pomos, e nunca a pomos onde nós estamos".

Você naturalmente lembra também aquilo que o chefe do trem dizia ao Pequeno Príncipe:
- "Só as crianças sabem o que estão procurando. Elas perdem tempo com a sua boneca de pano. E a boneca se torna importante para elas".
De fato, as crianças são capazes de ficar contentes onde estão e com o pouco que possuem.
- "Elas esmagam o nariz na vidraça do trem", disse o chefe.
Elas olham a paisagem. E se sentem felizes.
Pois bem. Todo mundo sabe que esta terra não é nenhum paraíso. No entanto, eu posso, se quiser, dar a minha parcela, para que ela tenha outra vez alguma coisa daquele jardim que ela era no princípio.
Porque, é importante saber: Mesmo não tendo tudo o que desejaria, eu sou feliz, principalmente quando ajudo outros a serem felizes comigo. Vendo a alegria ao meu redor, só com isso eu me sinto mais eu. E quando penso sinceramente assim, é porque já descobri o meu caminho. E ele me faz enxergar muito adiante.
Eu posso, devo e quero fazer deste mundo um pequeno paraíso de gente que  se quer bem e se ajuda. Mas, não vou deixar meus olhos pregados apenas neste  chão. Quero contemplar, muito além do horizonte, algo bem melhor que espera por todos.
Porque, eu sei : A minha felicidade aqui não é um sonho, nem há de terminar na campa. No entanto, por mais que eu me sinta feliz, sempre haverá, no meu profundo, um desejo de algo ainda maior. É o anseio de mergulhar no Infinito de Deus.

Pai do Céu ! Você é a fonte da alegria e da paz. Só em Você eu posso encontrar aquilo que vivo procurando: a minha felicidade. Já andei terras. Já vi tanta gente diferente. Querendo ou não, todos me garantem a mesma coisa: Aonde eu for, a felicidade irá comigo. Eu tenho esta certeza, Pai: Quando recebi a vida no seio de minha mãe, Você  deixou gravada em mim aquela marca do Infinito que Você é. E é dentro de mim que eu procuro, e hei de encontrar: a paz, a felicidade, Você. Faça que eu olhe, que eu enxergue o meu interior. Me ajude, Pai, a ajudar os meus semelhantes. Um, dia, eu sei, a felicidade que começa aqui, será completa quando eles comigo, e todos nós com Você, sentirmos a realização total do nosso sonho de bem-aventurança.


( Extraído do livro, O essencial é conviver, lições de uma criança para pequenos e grandes, José Dias Goulart )

sábado, 7 de julho de 2012

Lanciano - Itália ( Ano 700 )


Em Lanciano - estamos em data não claramente definida do séc. VIII. Um  monge da ordem de São Basílio estava celebrando na Igreja dos Santos Degonciano e Domiciano. Terminada a Consagração, que ele realizara provavelmente em estado de dúvidas interiores, senão de incredulidade, a hóstia transformou-se em carne e o vinho em sangue depositado dentro do cálice. Ao ver isto, o monge, perturbado e atônito, procurou ocultar o fato; mas depois, reagindo à emoção, manifestou-o aos fiéis, que, feitos testemunhas do milagre, espalharam a notícia pela cidade. O exame das relíquias, segundo critérios rigorosamente científicos, ocorrido pela última vez em 1970, levou aos seguintes resultados muito significativos:

1 ) A hóstia, que a tradição diz ter-se transformado em carne, é realmente constituída por fibras musculares estriadas, pertencentes ao miocárdio. Acrescente-se que a massa sutil de carne humana que foi retirada dos bordos, deixando amplo vazio no centro é totalmente homogênea. Com outras palavras: não apresenta lesões, como os apresentaria se se tratasse de um pedaço de carne cortada com uma lâmina.

2 ) Quanto ao sangue, trata-se de genuíno sangue humano. Mais: o grupo sangüíneo 'A ' que pertencem os vestígios de sangue, o sangue contido na carne e o sangue de cálice revelam tratar-se sempre do mesmo sangue grupo 'AB' ( sangue comum aos Judeus ). Este é também o grupo que o professor Pierluigi  Baima Bollone, da universidade de Turim, identificou na Sagrada Mortalha ( Santo Sudário ). 

3 ) Apesar da sua antígüidade, a carne e os sangue se apresentam com uma estrutura de base  intacta e sem sinais de alterações substanciais; este fenômeno se dá sem que tenham sido utilizadas substâncias ou outros fatores aptos a conservar a matéria humana, mas, ao contrário, apesar da ação dos mais variados agentes físicos, atmosféricos, ambientais e biológicos. A linguagem das relíquias de Lanciano é clara e fascinante: verdadeira carne e verdadeiro sangue humano, na sua inalterada composição que desafia os tempos; trata-se mesmo da carne do coração, daquele coração do qual, conforme a fé, jorrou o sangue que dá a vida.

( Extraído do Livro, O segredo da Sagrada Eucaristia, prof. Felipe Aquino )