sexta-feira, 27 de abril de 2012

Enfrente as feras


Se você é um pouco tímido, inseguro e medroso em determinadas circunstâncias e ocasiões...aceite o fato. Sempre que a gente recalca seus temores, fobias e inseguranças, escondendo, negando, terminamos distanciando as soluções. Não enfrentar um problema é adiar o remédio, a solução.

Diga a si mesmo cinco, dez, cem vezes ao dia: " Sou um pouco medroso, reconheço. Mas já estou melhorando. Já me sinto um pouco mais seguro, menos tímido do que meses atrás ".

O medo morre aos poucos, dentro de nós, subnutrido e ferido de solidão, quando deixamos de alimentá-lo em nossa mente e coração. Pela auto-sugestão você pode realizar o milagre de modificar suas disposições inconscientes, prejudiciais.

Querendo, de verdade, você consegue dominar as feras do medo, da insegurança, do pessimismo, da timidez. Faça a experiência.

( Padre Roque Schneider )


quarta-feira, 25 de abril de 2012

Catequese de Bento XVI - Primazia da oração



CATEQUESE
Praça de São Pedro
Vaticano

Quarta-feira, 25 de abril de 2012

Queridos irmãos e irmãs 

Na catequese passada, mostrei que a Igreja, desde o início do seu caminho, teve que enfrentar situações imprevistas, novas questões e emergências às quais procurou dar respostas à luz da fé, deixando-se guiar pelo Espírito Santo. Hoje gostaria de deter-me sobre uma outra situação, sobre um problema sério que a primeira comunidade cristã de Jerusalém teve que enfrentar e resolver, como nos narra São Lucas no capítulo sexto dos Atos dos Apóstolos, a respeito da pastoral da caridade junto às pessoas solitárias e necessitadas de assistência e ajuda. A questão não é secundária para a Igreja e corre-se o risco naquele momento, de criar divisões no interior da Igreja; o número dos discípulos, de fato, vinha aumentando, mas aqueles de lingua grega começavam a lamentar-se contra aqueles de língua hebraica porque as suas viúvas estavam sendo deixadas de lado na distribuição cotidiana (At. 6,1). Diante da urgência que se referia a um aspecto fundamental na vida da comunidade, isto é, a caridade em relação aos mais fracos, aos pobres, aos indefesos, e a justiça, os Apóstolos convocam todo o grupo de discípulos. Neste momento de emergência pastoral, sobressai o discernimento realizado pelos apóstolos. Eles se encontram diante da exigência primária de anunciar a Palavra de Deus segundo o mandato do Senhor, mas - também se esta é uma exigência primária da Igreja - consideram da mesma forma o dever da caridade e da justiça, isto é, o dever de assistir as viúvas, os pobres, de prover com amor diante das situações de necessidade nas quais se encontram irmãos e irmãs, para responder ao mandamento de Jesus: “amai-vos uns aos outros como eu vos amei” (Jo 15,,12.17). Portanto, as duas realidades que devem ser vividas na Igreja -  o anúncio da Palavra, a primazia de Deus, e a caridade concreta, a justiça - , estão criando dificuldade e se deve encontrar uma solução, para que ambas possam estar em seus devidos lugares, e sua relação necessária. A reflexão dos Atos dos Apóstolos é muito clara, como ouvimos: "Não é justo que nós deixemos a Palavra de Deus à parte para servir as mesas. Entretanto, irmãos, procureis entre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito e de sabedoria, aos quais confiaremos esta missão. Nós, ao invés disso, nos dedicaremos à oração e ao serviço da Palavra" (At 6,2-4).


Duas coisas aparecem: primeiro, existe a partir daquele momento, na Igreja, um ministério da caridade. A Igreja não deve somente anunciar a Palavra, mas também realizar a Palavra, que é caridade e verdade. E, segundo ponto, esses homens não somente devem gozar de boa reputação, mas devem ser homens repletos do Espírito Santo e de sabedoria, isto é, não podem ser somente organizadores que sabem "fazer", mas devem "fazer" no espírito da fé com a luz de Deus, na sabedoria do coração, e portanto, também a função deles - mesmo que seja prática -  é todavia uma função espiritual. A caridade e a justiça não são somente ações sociais, mas são ações espirituais realizadas na luz do Espírito Santo. Portanto, podemos dizer que essa situação vem enfrentada com grande responsabilidade por parte dos apóstolos, os quais tomam esta decisão: são escolhidos sete homens; os apóstolos rezam para pedir a força do Espírito Santo e depois, impõem as mãos para que se dediquem em modo particular a essa diaconia da caridade. Assim, na vida da Igreja, nos primeiros passos que ela realiza, se reflete, em um certo modo, o que havia acontecido durante a vida pública de Jesus, na casa de Marta e Maria em Betânia. Marta estava bem ligada ao serviço da hospitalidade oferecido a Jesus e aos seus discípulos; Maria, ao contrário, se dedica à escuta da Palavra do Senhor (Luc 10,38-42). Em ambos os casos, não são contrapostos os momentos da oração e da escuta de Deus, e a atividade cotidiana e o serviço da caridade. A expressão de Jesus: "Marta, Marta, tu te preocupas e te agitas com tantas coisas, mas de uma coisa tens necessidade, Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada" (Luc 10,41-42), como também a reflexão dos apóstolos: "Nós nos dedicaremos à oração e ao serviço da Palavra" (At 6,4), mostram a prioridade que devemos dar a Deus. Não gostaria de entrar agora na interpretação desta perícope Marta-Maria. Em todo caso, não vem condenada a atividade pelo próximo, mas vem destacado que ela deve ser penetrada interiormente também pelo espírito de contemplação. Por outro lado, Santo Agostinho diz que essa realidade de Maria é uma visão da nossa situação no céu, portanto, na terra, não podemos nunca tê-la completamente, mas um pouco de antecipação deve estar presente em toda a nossa atividade. Deve estar presente também a contemplação de Deus. Não devemos nos perder no ativismo puro, mas sempre deixarmo-nos penetrar na nossa atividade à luz da Palavra de Deus e assim aprender a verdadeira caridade, o verdadeiro serviço pelo outro, que não tem necessidade de tantas coisas - tem necessidade certamente das coisas necessárias - mas tem necessidade sobretudo do afeto do nosso coração, da luz de Deus.

Santo Ambrósio, comentando o episódio de Marta e Maria, assim exorta os seus fiéis e também nós: "Procuremos ter também nós aquilo que não nos pode ser tirado, dando à palavra de Deus uma grande atenção, não distraída: acontece também às sementes da palavra de serem levadas embora,  semeadas ao longo da estrada. Estimule também tu, como Maria, o desejo do saber: é esta a maior, mais perfeita obra" - E acrescenta ainda: "o cuidado do ministério não desvie o conhecimento da palavra celeste" (Expositio Evangelii secundum Lucam, VII, 85: pl 15, 1720). Os santos, portanto, experimentaram uma profunda unidade de vida de oração e ação, entre o amor total a Deus e o amor aos irmãos. São Bernardo, que é modelo de harmonia entre contemplação e operosidade, no livro De Consideratione, endereçado ao Papa Inocêncio II para oferecer-lhe algumas reflexões a respeito de seu ministério, insiste exatamente sobre a importância do recolhimento interior, da oração para defender-se dos perigos de uma atividade excessiva, qualquer que seja a condição na qual se encontra a tarefa que se está desenvolvendo. São Bernardo afirma que a demasiada ocupação, uma vida frenética, geralmente acabam induzindo o coração a fazer sofrer o espírito.
É uma preciosa retomada para nós hoje, acostumados a valorizar tudo a partir do critério da produtividade e da eficiência. O trecho dos Atos dos Apóstolos nos recorda a importância do trabalho - sem dúvida se é criado um verdadeiro ministério - , do empenho nas atividades cotidianas que são desenvolvidas com responsabilidade e dedicação, mas também a nossa necessidade de Deus, da sua direção, da sua luz que nos dão força e esperança.Sem a oração cotidiana vivida com fidelidade, o nosso fazer se esvazia, perde o sentido profundo, se reduz a um simples ativismo que, no final, nos deixa insatisfeitos. Existe uma bela invocação da tradição cristã para recitar-se antes de toda atividade, a qual diz assim: Actiones nostras, quæsumus, Domine, aspirando præveni et adiuvando prosequere, ut cuncta nostra oratio et operatio a te semper incipiat, et per te coepta finiatur", isto é: "Inspire as nossas ações Senhor, e acompanhe-as com a tua ajuda, para que todo o nosso falar e agir tenha de ti o seu início e o seu cumprimento". Cada passo da nossa vida, toda ação, também na Igreja, deve ser feita diante de Deus, à luz da sua Palavra.

Na catequese da quarta-feira passada eu havia destacado a oração unânime da primeira comunidade cristã diante das provas e como, exatamente na oração, na meditação sobre a Sagrada Escritura ela pode compreender os eventos que estavam acontecendo. Quando a oração é alimentada pela palavra de Deus, podemos ver a realidade com olhos novos, com os olhos da fé e o Senhor, que fala à mente e ao coração, dá nova luz ao caminho em todos os momentos e em todas as situações. Nós cremos na força da Palavra de Deus e da oração. Também a dificuldade que está vivendo a Igreja diante do problema do serviço aos pobres e a questão da caridade, é superada na oração, à luz de Deus, do Espírito Santo. Os apóstolos não se limitam a ratificar a escolha de Estevão e dos outros homens, mas depois de rezar , impõem-lhes as mãos" (At 6,6). O Evangelista recordará novamente estes gestos em ocasião da eleição de Paulo e Barnabé, onde lemos: "depois de ter jejuado e rezado, impuseram-lhes as mãos e os despediram" (At 13,3). Confirma-se de novo que o serviço prático da caridade é um serviço espiritual. Ambas as realidade devem andar juntas.

Com o gesto da imposição das mãos, os Apóstolos conferem um ministério particular a sete homens, para que seja dada a eles a força correspondente. O destaque dado à oração - depois de ter rezado", dizem -  é importante porque evidencia exatamente a dimensão espiritual do gesto; não se trata simplesmente de conferir um encargo como acontece em uma organização social, mas é um evento eclesial no qual o Espirito Santo se apropria de sete homens da Igreja, consagrando-os na Verdade que é Jesus Cristo: é Ele o protagonista silencioso, presente na imposição das mãos para que os eleitos sejam transformados pela sua potência e santificados para enfrentar desafios práticos, os desafios pastorais. E o destaque da oração nos recorda além disso que somente no relacionamento íntimo com Deus cultivado a cada dia nasce a resposta à escolha do Senhor que nos vem confiado cada ministério na Igreja.

Queridos irmãos e irmãs, o problema pastoral que levou os apóstolos a escolher e a impor as mãos sobre sete homens encarregados do serviço da caridade, para dedicarem-se à oração e ao anuncio da Palavra, indica também a nós a primazia da oração e da Palavra de Deus, que, todavia, produz depois também a grande ação pastoral. Para os Pastores, esta é a primeira e mais preciosa forma de serviço em relação ao rebanho a eles confiado. Se os pulmões da oração e da Palavra de Deus não alimentam a respiração da nossa vida espiritual, sofremos o risco de nos sufocarmos em meio às mil coisas de todos os dias: a oração é a respiração da alma e da vida. E existe uma outra preciosa retomada que gostaria de destacar: no relacionamento com Deus, na escuta de sua Palavra, no diálogo com Deus, também quando nos encontramos no silêncio de uma igreja ou de nosso quarto, estamos unidos no Senhor a tantos irmãos e irmãs na fé, como uma junção de instrumentos, que apesar da individualidade de cada um, elevam a Deus uma única grande sinfonia de intercessão, de agradecimento e de louvor. Obrigado.
 

domingo, 22 de abril de 2012

Amar a nossa pergunta



Num maravilhoso poema Rainer Maria Rilke descreve a essência da nossa paciência: 
Devemos ter paciência com os problemas não resolvidos do coração. E tentar amar as nossas perguntas como recintos fechados. E como livros, escritos numa língua muito desconhecida.

Muitas vezes o ser humano é um enigma. Posso ser impaciente comigo porque não me entendo. Ou então posso aceitar com paciência as coisas não resolvidas e tudo o que é incompreensível para mim, e amar as perguntas não respondidas. Trato com cuidado especial os livros escritos numa língua desconhecida, que eu não entendo. O desconhecido tem uma força própria de atração. Quando trato o desconhecido em mim com cuidado, entro em acordo com os enigmas da minha vida e da minha existência.

(  Anselm Grün )



sexta-feira, 20 de abril de 2012

Prudência



"A prudência é tão necessária como a coragem."
( A. Calderon )

"Em todos os tempos, os prudentes sempre venceram os audazes. "
( Gautier )

" Sê prudente em toda parte, examina tudo onde puseres o pé."
( São Paulinho de Nola )

A prudência é a qualidade de quem age com moderação, cautela, precaução, buscando evitar tudo o que acredita ser fonte de erro ou de dano. Dirigir a vida e as ações com sensatez e ponderação é um passo sempre muito importante. É sempre necessário não se precipitar e proceder prudentemente é uma atitude que revela maturidade. Pessoas e coisas não são, muitas vezes, o que parecem ser.

O tempo muito nos ensina. Ensina a amar a vida, não desistir diante dos obstáculos, usar da prudência em todas as circunstâncias e momentos de decisão. Lembre-se que a prudência deve reger seus pensamentos e controlar suas ações. Ela é conselheira e confidente. Retarda muitas decisões que podem ser precipitadas e desastrosas. Ensina a prever o perigo, crer na descrença, esperar contra toda a esperança. Seja prudente aprendendo com os erros e enganos, pois ela não permite o rancor, a mágoa e o ódio.

( Mensagens de Vida, Antônio Francisco Bohn )

terça-feira, 17 de abril de 2012

Onde há vida, existe uma pista para a felicidade


A luz e a escuridão, a alegria e a dor fazem parte de nossa vida. É necessário aceitar esse antagonismo e conciliar-se com ele, para chegar a uma avaliação correta da vida e criar, assim, as condições para a felicidade.

A vida em si, com seus altos e baixos, suas luzes e sombras, suas dores e alegrias, é uma beleza. É sempre empolgante observar a vida e perscrutar com admiração seu mistério.

A felicidade é a expressão de uma vida realizada. Vivendo a vida com todos os seus sentidos e aceitando-a em toda a sua intensidade, você experimentará a felicidade. Com a vida, a felicidade também não se deixa agarrar. A vida não pára de seguir seu caminho. Às vezes passa por vales sombrios, outras vezes se transforma de repente numa cachoeira.

Há vida também na dor. Em tudo existe uma promessa de felicidade, tanto na dor que faz com que nos abramos para nosso irmão, quanto na alegria que dividimos com os outros, tanto no esforço que empreendemos para galgar o topo da montanha, quanto na relaxação de um mergulho no mar. Onde quer que haja vida de verdade, existe também um resquício de felicidade.

Não importa qual seja a causa da dor, procure ajuda em sua dor. Fale com pessoas que o compreendem. Não se afunde no sofrimento. Abra-o para um ser humano ou para Deus. Assim você sentirá consolo, firmeza, esperança, confiança.

Tenha a coragem de mostrar suas feridas. Verá, então, as pessoas indo até você para falar-lhe de seus próprios traumatismos e ferimentos. Você se transformará em conselheiro dos outros. Sua ferida será uma pérola preciosa para você e para os outros.

Da crise gera nasce também a força. A crise quebra as máscaras externas, mas também as tendências de garantia interna. Desse modo, você entra em contato com seu espaço interior, que é a morada de Deus dentro de você. Nesse espaço brota a fonte do Espírito Santo. As crises forçam o acesso a essa fonte da qual podemos haurir sempre. Por ser uma fonte divina, é inesgotável. Dela vem a força de que você precisa para achar o caminho da verdadeira vida ao passar por tantas mortes.

Aquele que se lembra dos acontecimentos dolorosos da história de sua vida deve livrar-se da força destrutiva dessas experiências. É como retirar as folhas secas que se depositaram no chão de sua alma. Só então o sol do amor divino conseguirá penetrar em seu solo para despertar e fazer crescer as flores que estão em nós.

Vida nova só pode surgir do anseio de um coração ferido. Todo o sofrimento nos lembra de nosso anseio. Pelo anseio, o sofrimento é transformado, e a minha vida se abre para uma liberdade nova.

Que um anjo lhe abra a porta para seu próprio coração, para que você descubra em si mesmo o lugar em que o céu e a terra se tocam, em que o próprio Deus habita em você, preparando-lhe uma morada onde se sinta bem e possa gostar de si e de sua vida, de Deus e dos seres humanos.

( Anselm Grün )







segunda-feira, 9 de abril de 2012

Como a paz se torna possível


Tomás de Kempis, o autor de A imitação de Cristo, que desde o século XVI  foi por muito tempo, ao lado da Bíblia, o livro mais lido no mundo, menciona o motivo da insatisfação vivida por muitas pessoas: "Poderíamos viver em paz se não nos ocupássemos continuamente com o que as outras pessoas dizem e fazem". Essa frase é hoje tão atual quanto no passado. Muitas pessoas ficam constantemente girando ao redor do que os outros pensam ou falam delas. Elas têm medo de que as outras pessoas possam falar mal delas. Outro grupo de pessoas se ocupa com as palavras e atos dos outros. Elas se afligem constantemente com o que essa ou aquela pessoa disse ou fez. Ficam lendo, nos jornais ou nas revistas de fofocas, histórias de escândalos com atores ou aristocratas para se indignarem com elas. Em vez de viverem em paz consigo mesmas, precisam dos outros para projetar neles sua inquietação interior. Mas não reconhecem isso. Então, ficam sempre insatisfeitas com o mundo e também consigo mesmas. Nosso Coração só fica tranquilo quando nos reconciliamos com os outros e deixamos que sejam como são. A verdadeira paz interior é um espaço no qual vivemos em sintonia com nós mesmos e todo nosso entorno, ou seja, com toda a criação.

( Anselm Grün )

terça-feira, 3 de abril de 2012

Metamorfoses



"Trate de ser feliz"

Estamos passando de planeta em planeta, todos minúsculos, ouvindo o Príncipe pequeno e sábio. Hoje, ele nos diz:
-" É preciso que eu suporte duas ou três larvas, se quiser um dia contemplar as borboletas".

Não é que uns bichos tão pesados e repugnantes como as larvas, ficam tão bonitos e leves quando se tornam borboletas?
Pois também a vida humana tem a sua metamorfose, a sua lenta transformação. Somos tão pequeninos na barriga da mamãe, crescendo durante nove meses. Tão fracos no colo dela, sugando do seu leite sadio. Agitados na fase escolar. Atrevidos na adolescência e mocidade. Orgulhosos na idade madura. Cansados, porém mestres experientes, na velhice. Quanta mudança !

-"Mudam os tempos, e nós com eles", dizia Lotário I, sobrinho de Carlos Magno.
Mas, o importante é mudar como as larvas: sempre para melhor. Deixando as poucas coisas que enfeiam a vida. E mostrando, cada vez mais, a seda brilhante que existe dentro do casulo. A maravilha das borboletas que aos poucos se revela.

No fundo de um coração humano, por mais perverso que posso aparecer, bate sempre o coração de Deus. Porque ninguém nasce criminoso. E todo bandido, um dia foi criança também. E ele pode, se tiver alguma ajuda, voltar a ser de novo aquilo que toda pessoa gostaria de ser a vida inteira.

Você já ouviu certamente contar que uma vez foram banhados na mesma bacia o Menino Jesus e um garoto de nome Dimas. E que mais tarde, no monte Calvário, dois criminosos estavam na cruz, lado a lado com o Mestre de Nazaré. Pois bem, a mesma lenda conta que um deles era o Dimas. O mesmo garoto que se lavara na água em que Maria dera banho no Filho de Deus. E a história verídica do Evangelho afirma que a situação de tortura na cruz fez despertar no bom ladrão a borboleta que ele tinha escondida na sua larva, aparentemente tão repugnante.

Afinal, quem pode conhecer o que vai no coração das pessoas ? Elas podem ser amanhã arquitetos ou demolidores. Santos ou bandidos. Mártires ou carrascos.
No entanto, todas elas têm plantada na própria vida, desde o primeiro instante, a imagem viva de um Deus bom e amigo. Então, que não seja você no coração de ninguém, uma semente daninha que faz aí crescer o destruidor, o carrasco e o bandido.

Que não germine, em você nem nos  outros, a semente do ódio, que prepara hoje os malvados de amanhã. Espalhe somente sementes de amizade: elas acabarão com as prisões e patíbulos, e criarão um mundo de amigos.

Senhor do Céu, Criador do universo ! Você tornou-se tão pequenino a ponto de ser concebido na barriga da mulher Maria. Desperte, eu lhe peço, aquela bondade e beleza que Você mesmo plantou em cada uma de suas criaturas. Beleza e bondade que o tempo mau foi diminuindo. Faça brotar em todas a esperança de voltarem a ser, sempre mais, o que eram no início. Brilhe para todas a luz que nunca se apaga, lá no final do túnel. Que cada pessoa procure encontrar, bem dentro de si mesma, a felicidade que mora no íntimo da gente. Ela quer explodir para embelezar e transformar o mundo. E eu creio: essa felicidade oculta no meu ser, é Você, nosso Pai. 

( José Dias Goulart, O essencial é conviver )


segunda-feira, 2 de abril de 2012

Firmeza



"Um ato de firmeza pode valer pela experiência de uma vida".
( John Clarke )


"Tenha firmeza, nem vacile o teu coração."
( Globerti )


" Seja firme em teu sentimento."
( Henri Renard )

A firmeza é uma experiência que está destinada à eternidade. Conhecer a razão de um fracasso é compreender como se chega ao êxito. Um único momento de beleza e amor justifica a vida inteira. Se você reconhece estar num momento de amargura e sofrimento, deve permanecer confiante.

É provável imaginar que a carga das obrigações é pesada demais, que o fracasso é esperado a qualquer momento, que talvez você se veja num lugar errado ou que as circunstâncias proclamem sua incapacidade, na medida em que os obstáculos se ampliam.

No entanto, aceite as atribulações e siga adiante. Ame o lugar em que a providência o colocou. Distribua simpatia e bondade para com todos aqueles que desfrutam de sua convivência. Reconheça os afetos mais queridos dos amigos perto de você. Não caia no desânimo ou desespero. Procure manter a serenidade, revisando as próprias obrigações e siga adiante.

( Antônio Francisco Bohn, Mensagens de vida )