A luz e a escuridão, a alegria e a dor fazem parte de nossa vida. É necessário aceitar esse antagonismo e conciliar-se com ele, para chegar a uma avaliação correta da vida e criar, assim, as condições para a felicidade.
A vida em si, com seus altos e baixos, suas luzes e sombras, suas dores e alegrias, é uma beleza. É sempre empolgante observar a vida e perscrutar com admiração seu mistério.
A felicidade é a expressão de uma vida realizada. Vivendo a vida com todos os seus sentidos e aceitando-a em toda a sua intensidade, você experimentará a felicidade. Com a vida, a felicidade também não se deixa agarrar. A vida não pára de seguir seu caminho. Às vezes passa por vales sombrios, outras vezes se transforma de repente numa cachoeira.
Há vida também na dor. Em tudo existe uma promessa de felicidade, tanto na dor que faz com que nos abramos para nosso irmão, quanto na alegria que dividimos com os outros, tanto no esforço que empreendemos para galgar o topo da montanha, quanto na relaxação de um mergulho no mar. Onde quer que haja vida de verdade, existe também um resquício de felicidade.
Não importa qual seja a causa da dor, procure ajuda em sua dor. Fale com pessoas que o compreendem. Não se afunde no sofrimento. Abra-o para um ser humano ou para Deus. Assim você sentirá consolo, firmeza, esperança, confiança.
Tenha a coragem de mostrar suas feridas. Verá, então, as pessoas indo até você para falar-lhe de seus próprios traumatismos e ferimentos. Você se transformará em conselheiro dos outros. Sua ferida será uma pérola preciosa para você e para os outros.
Da crise gera nasce também a força. A crise quebra as máscaras externas, mas também as tendências de garantia interna. Desse modo, você entra em contato com seu espaço interior, que é a morada de Deus dentro de você. Nesse espaço brota a fonte do Espírito Santo. As crises forçam o acesso a essa fonte da qual podemos haurir sempre. Por ser uma fonte divina, é inesgotável. Dela vem a força de que você precisa para achar o caminho da verdadeira vida ao passar por tantas mortes.
Aquele que se lembra dos acontecimentos dolorosos da história de sua vida deve livrar-se da força destrutiva dessas experiências. É como retirar as folhas secas que se depositaram no chão de sua alma. Só então o sol do amor divino conseguirá penetrar em seu solo para despertar e fazer crescer as flores que estão em nós.
Vida nova só pode surgir do anseio de um coração ferido. Todo o sofrimento nos lembra de nosso anseio. Pelo anseio, o sofrimento é transformado, e a minha vida se abre para uma liberdade nova.
Que um anjo lhe abra a porta para seu próprio coração, para que você descubra em si mesmo o lugar em que o céu e a terra se tocam, em que o próprio Deus habita em você, preparando-lhe uma morada onde se sinta bem e possa gostar de si e de sua vida, de Deus e dos seres humanos.
( Anselm Grün )
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