quarta-feira, 8 de junho de 2011

A civilização do amor

Existem basicamente dois tipos de sabedoria. A sabedoria do alto e a da terra. A que emana do Evangelho, das mensagens de Cristo, e a que provém das coisas efêmeras, da sociedade consumista, marcada por superficialidades: como fazer dinheiro e aplicar na poupança. Como levar vantagem em tudo. Como angariar amigos sem muito esforço. Como ser importante, ampliar o prestígio e subir na vida. Esse é o campo da sabedoria do mundo, da cidade terrena, segundo Agostinho.

Uma pergunta: quais são, em sua opinião, as pessoas mais inteligentes do universo ? Os reis do petróleo, os mega-aplicadores da Bolsa ? Não, definitivamente não. À luz da eternidade, os mais sábios são os santos, os mais próximos de Deus e, por isso mesmo, mais próximo dos irmãos de caminhada.

Se a humanidade vivenciasse em profundidade os Dez Mandamentos, seriam supérfluas as leis dos homens. Leis que buscam disciplinar, reger, ordenar a vida dos cidadãos.

Em 1972, Nova Iorque sofreu um monstruoso blecaute de quarenta e oito horas. A cidade foi saqueada, num vandalismo total, sem precedentes. Sob o manto da escuridão, é mais fácil roubar, demolir, depredar. Concordo com Espinosa, filósofo e escritor - o mundo é movido por dois sentimentos fundamentais: o medo e a esperança.

A camada do que chamamos de civilização é tênue, frágil, inconsistente. Rompe-se facilmente, sob qualquer pretexto. Sem semáforos e sem multas, o trânsito enlouquece. Sem policiamento ostensivo, os medos desaparecem e tudo pode acontecer.

Séculos atrás vigorava amplamente a pedagogia da intimidação paterna, catequética, escolar: " Cuidado, menino, Deus está vendo você e o vai castigar", " Atenção, garota ! Deus fiscaliza e joga no inferno quem faz 'artes ' como você". E a gente caprichava no comportamento, com receio da punição eterna.

Obrigado, Senhor.
A pedagogia do medo, da intimidação,
vem sendo substituída,
gradativamente,
pela civilização do amor.
E nossa qualidade de vida
ganha em beleza, tem outro sabor.
Toda experiência profunda de amizade,
de partilha fraterna, de bem-querer,
tem lampejos e ressonâncias de eternidade.

( Pe. Roque Schneider )

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