sexta-feira, 26 de agosto de 2011

As eternas insatisfações



"Nunca estamos contentes onde estamos", disse o guarda-chaves. "Só as crianças sabem o que procuram", disse o principezinho.
( Exupéry)

Se de fato soubéssemos o que estamos procurando, o que estamos querendo da vida, não seríamos tão insatisfeitos.

Uma eterna insatisfação mora dentro de nós. Nasceu conosco, conosco vai morrer. Ela cresce, à medida que a criança morre em nós.

A ingenuidade e a pureza que caracterizam tão profundamente a vida de uma criança são a fonte da paz e do equilíbrio para qualquer adulto. E quando deixamos de valorizar estes sólidos princípios--sólidos, contra toda lógica das pessoas grandes - acontece o inevitável: sentimo-nos terrivelmente vazios, de repente, sem nada nas mãos, sem ponto de apoio, sem rumo certo...

Ah ! se a terra pudesse saciá-lo, coração! Ela seria pequena para todos os seus desejos, para todas as ambições que martirizam você ! Nada mais confortador que ver mais longe...
Saber que os horizontes não são apenas aqueles que eu vislumbro. Saber que há outras realidades, mais estáveis e valiosas, pelas quais se luta, no derradeiro esforço de cada dia.

Nossos critérios de felicidade devem ser revistos, meu coração!
Desconfio que estou sendo iludido e que "meus olhos são muito cego". Está na hora de "buscar com o coração", se eu não quiser errar o caminho.

Agora, por exemplo, eu poderia ir até o jardim e contemplar uma flor... Garanto-lhe, meu coração, que haveria um sorriso em meus lábios e eu conheceria novamente o gosto da felicidade.

Já sei: a criança gostava de flores. Creio que ela está voltando...



( Carlos Afonso Schmitt ) Um coração vê mais longe que os olhos.

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