Somos aves de arribação. Nosso ninho é um ninho temporário. Estamos a caminho de uma outra terra. Somos aves de arribação, não somos sedentários. Somos aves de arribação que estão à procura "de uma outra terra". E voamos em direção a essa terra, cheios de saudade.
A saudade não nos prende. Ela amplia nosso coração e nos faz respirar livremente. Ela empresta à nossa vida sua dignidade humana.
A vida verdadeira está lá onde está a saudade. Você precisa enfrentar seu desejo para encontrar a pista da vida e descobrir sua própria vitalidade.
Os desejos nos mantêm vivos. É verdade que existem pessoas felizes sem desejos. O risco consiste em ficar contente antes do tempo com o que se alcançou. Os desejos que queremos ver realizados logo ultrapassam o fútil, porque visam a verdadeira felicidade que jamais alcançaremos nessa vida, pois ela nos aguarda só na plenitude.
As pessoas que conseguiram tudo o que desejavam experimentam freqüentemente uma sensação de vazio interior. Aumenta, então, o desejo de algo bem diferente. Mas nenhum bem da terra, nenhum sucesso, nenhuma pessoa amada conseguirá jamais satisfazer esse nosso desassossego interior. Só descansaremos quando tivermos encontrado aquela fonte interior que nunca se esgota, aquele lar seguro do qual nada nos poderá expulsar e aquele amor que nunca se desfará entre nossos dedos.
Não se contente com o mundo como ele é. Aceite o desafio de abrir as portas, de transpor os limites, de alcançar uma vastidão maior.
A saudade o põe em contato consigo próprio. Quando sentir a sua saudade, você estará dentro de seu coração. Nesse momento, as expectativas dos outros já não terão poder sobre você. A saudade o preserva de reagir com resignação às decepções de sua vida. Pelo contrário, a decepção manterá viva a sua saudade.
Aquilo que transforma esse mundo só pode ter sua origem em alguém que esteja em contato com os sonhos da vida. Só aquele que ainda sonha pode mudar esse mundo. Somos mais do que esse corpo envolvido por nossa pele. Dentro de nós estão os sonhos que podem ampliar o próprio coração e pôr em movimento esse mundo.
( Anselm Grün )
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