quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Uma arte nada fácil


Às vezes vejo pessoas que se seguram em si mesmas. Elas acham que conseguem soltar tudo. Mas seus ombros caídos mostram que não é bem assim, pois elas continuam presas, interiormente. Às vezes é preciso muito tempo até que elas realmente consigam soltar as coisas. " Soltar é uma arte libertadora. Segurar as coisas pode nos prender e criar bloqueios em nós. Preciso soltar as coisas às quais eu me apeguei. Enquanto considerei esse fato uma perda para mim, fui infeliz. Mas quando consegui encará-lo sob o aspecto de que a vida é libertada quando se morre, e também quando se soltam as coisas, senti uma profunda paz de espírito". Rabindranath Tagore, que formulou essa opinião, sabe que quando nos apegamos muito a uma coisa tornamo-nos incapazes de agir. Quando queremos uma coisa com muita voracidade, ficamos presos. Nossa mãos ficam amarradas. Por seu lado, soltar é um ato de libertação interior.

De fato, às vezes pode ser muito difícil soltar, e a serenidade é uma arte que não cai no nosso colo. Uma arte precisa ser aprendida. Frequentemente isso não é muito fácil - e muito menos ainda para os jovens. Pode soar um pouco peculiar o fato de termos de fazer algo pela serenidade. Mas não é um fazer, porém um deixar. Justamente, a verdadeira arte é exercitar o  "deixar" no "fazer". Eu desejo que justamente aquelas pessoas que têm muito a fazer aprendam essa arte. Ela consiste em deixar algo simplesmente acontecer. Aquilo que fazemos contrariados não nos trará felicidade. A pessoa com quem tudo acontece serenamente admite melhor as coisas. Ela não vai se sentir contrariada, mas vai deixar derreter na língua o que aceitou. E vai se alegrar com isso.

( Anselm Grün )

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