segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

História de um rio


Um dia o rio Meschacebé, ainda perto de sua fonte, cansou-se de ser apenas um riacho límpido. Pediu neve às montanhas, águas às torrentes, chuva às tempestades, e, assim engrossado, transbordou de seu leito e arrasou suas margens floridas. No início, o orgulhoso rio ficou encantado com sua potência. Mas vendo que sua passagem tudo transformava em deserto, que ele se tornara solitário no seu percurso e que suas águas abundantes estavam sempre turvas, lamentou o modesto leito que a natureza lhe dera e sentiu saudade dos pássaros, das flores, das árvores que, outrora, eram os sorridentes companheiros de sua vida sossegada.

( Chateaubriand )

O ambicioso só pensa em elevar-se, sem se preocupar como descerá. O desejo de subir destrói nele o medo de cair.

( Thomas Adams )

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Deixe sua vaquinha ir para o brejo


Um sábio passeava por uma floresta com seu fiel discípulo quando avistou um sítio de aparência pobre. Resolveu fazer ali uma breve visita. Aproximando-se, constatou a pobreza do lugar: casa de madeira, nenhum calçamento. Os moradores eram um casal e três filhos, todos usando roupas rasgadas, pés no chão. Dirigiu-se então ao pai daquela família e perguntou:
Neste lugar não há nem sinal de ponto de comércio e de trabalho. Como é que o senhor e sua família sobrevivem aqui ?
Nós temos uma vaquinha que nos dá vários litros de leite todos os dias. Uma parte desse produto nós vendemos ou trocamos na cidade vizinha por outros gêneros alimentícios. Também produzimos queijos, coalhadas....E assim vamos sobrevivendo - respondeu o pai.
O sábio agradeceu a informação, contemplou o lugar por uns momentos, despediu-se e foi embora. No meio do caminho, voltou-se para seu discípulo e ordenou:
Pegue a vaquinha e jogue-a no precipício. O jovem arregalou os olhos espantados e disse:
Mas, mestre, é o único meio de subsistência da família !

Como percebeu o silêncio de seu mestre, foi e cumpriu a ordem: empurrou a vaquinha morro abaixo e ela morreu.
Aquela cena ficou marcada na memória do jovem durante alguns anos. Até que um belo dia ele voltou ao lugar com a intenção de contar tudo àquela família, pedir perdão e oferecer-lhe ajuda. Quando se aproximava do local, avistou crianças brincando no jardim. Ficou angustiado, pensando que aquela família tivera de vender o sítio para sobreviver.
Apressando o passo, foi logo recebido por um caseiro. Tendo-lhe perguntado sobre a família que ali havia morado alguns anos atrás, soube que ainda era a mesma e continuava ali. Espantado, entrou ansioso na casa e constatou que realmente era a mesma família que visitara anteriormente. Elogiou o local e perguntou ao senhor, dono da vaquinha, o que havia acontecido, como ele havia melhorado o sítio e prosperado tanto. E o senhor respondeu:

Nós tínhamos uma vaquinha que caiu no precipício e morreu. Daí em diante tivemos de arrumar outros meios de sobrevivência. Foi quando descobrimos habilidades e talentos que nem sabíamos que tínhamos...Assim alcançamos o sucesso que seus olhos testemunham agora.

Muitas vezes, apegamo-nos a alguma situação que sirva de álibi e desculpa para não assumirmos a direção de nossa vida, a responsabilidade de nossa felicidade. Conservamos aquilo como um bichinho de estimação e, sem perceber, limitamos a nossa vida. E você ? Já descobriu qual é o bichinho de estimação que está impedindo seu crescimento ?

( Para que minha vida se transforme, Maria Salette, Wilma Ruggeri )

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Um novo sabor


A postura da gratidão foi descrita nos nossos dias por David Steindl-Rast, como a verdadeira postura básica do ser humano, até como essencial para um ser humano espiritualizado. Ele diz: "Toda gratidão é um expressão de confiança. A desconfiança leva a pessoa a não reconhecer nem mesmo um presente como tal quem poderia garantir que não se trata de um engodo, uma tentativa de chantagem, uma armadilha? A gratidão tem a coragem da confiança e assim supera o medo". As pessoas ingratas são desagradáveis para as outras. Elas desconfiam basicamente de tudo. Quando se dá algo de presente a elas, acham que temos um determinado objetivo. Não conseguem aceitar nada com gratidão. Interpretam tudo de forma negativa por causa da desconfiança. Steindl-Rast diz que uma pessoa grata olha positivamente para o presente em qualquer situação. Ela reconhece a oportunidade que sempre a acompanha, até mesmo na pior das situações. E agarra essa oportunidade. Tudo pelo que somos gratos - quase tudo na vida - nos dá alegria. Steindl-Rast tem razão; quando eu simplesmente aceito, com gratidão, o que uma pessoa ou o que Deus me presenteia, entro em sintonia comigo e com o mundo. Então minha vida adquire um novo e agradável sabor.

( Anselm Grün )

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Carta Apostólica Porta Fidei, de Bento XVI, sobre o Ano da Fé

vatican.va




Carta Apostólica sob forma de Motu Proprio
Porta Fidei

com a qual se proclama o Ano da Fé (out/2012 - out/2013)

1. A PORTA DA FÉ (cf. Act 14, 27), que introduz na vida de comunhão com Deus e permite a entrada na sua Igreja, está sempre aberta para nós. É possível cruzar este limiar, quando a Palavra de Deus é anunciada e o coração se deixa plasmar pela graça que transforma. Atravessar aquela porta implica embrenhar-se num caminho que dura a vida inteira. Este caminho tem início com o Baptismo (cf. Rm 6, 4), pelo qual podemos dirigir-nos a Deus com o nome de Pai, e está concluído com a passagem através da morte para a vida eterna, fruto da ressurreição do Senhor Jesus, que, com o dom do Espírito Santo, quis fazer participantes da sua própria glória quantos crêem n’Ele (cf. Jo 17, 22). Professar a fé na Trindade – Pai, Filho e Espírito Santo – equivale a crer num só Deus que é Amor (cf. 1 Jo 4, 8): o Pai, que na plenitude dos tempos enviou seu Filho para a nossa salvação; Jesus Cristo, que redimiu o mundo no mistério da sua morte e ressurreição; o Espírito Santo, que guia a Igreja através dos séculos enquanto aguarda o regresso glorioso do Senhor.

2. Desde o princípio do meu ministério como Sucessor de Pedro, lembrei a necessidade de redescobrir o caminho da fé para fazer brilhar, com evidência sempre maior, a alegria e o renovado entusiasmo do encontro com Cristo. Durante a homilia da Santa Missa no início do pontificado, disse: «A Igreja no seu conjunto, e os Pastores nela, como Cristo devem pôr-se a caminho para conduzir os homens fora do deserto, para lugares da vida, da amizade com o Filho de Deus, para Aquele que dá a vida, a vida em plenitude» (Homilia no início do ministério petrino do Bispo de Roma, (24 de Abril de 2005): AAS 97 (2005), 710). Sucede não poucas vezes que os cristãos sintam maior preocupação com as consequências sociais, culturais e políticas da fé do que com a própria fé, considerando esta como um pressuposto óbvio da sua vida diária. Ora um tal pressuposto não só deixou de existir, mas frequentemente acaba até negado (Cf. Bento XVI, Homilia da Santa Missa no Terreiro do Paço (Lisboa – 11 de Maio de 2010): L’Osservatore Romano (ed. port. de 15/V/2010), 3.). Enquanto, no passado, era possível reconhecer um tecido cultural unitário, amplamente compartilhado no seu apelo aos conteúdos da fé e aos valores por ela inspirados, hoje parece que já não é assim em grandes sectores da sociedade devido a uma profunda crise de fé que atingiu muitas pessoas. 3. Não podemos aceitar que o sal se torne insípido e a luz fique escondida (cf. Mt 5, 13-16). Também o homem contemporâneo pode sentir de novo a necessidade de ir como a samaritana ao poço, para ouvir Jesus que convida a crer n’Ele e a beber na sua fonte, donde jorra água viva (cf. Jo 4, 14). Devemos readquirir o gosto de nos alimentarmos da Palavra de Deus, transmitida fielmente pela Igreja, e do Pão da vida, oferecidos como sustento de quantos são seus discípulos (cf. Jo 6, 51). De facto, em nossos dias ressoa ainda, com a mesma força, este ensinamento de Jesus: «Trabalhai, não pelo alimento que desaparece, mas pelo alimento que perdura e dá a vida eterna» (Jo 6, 27). E a questão, então posta por aqueles que O escutavam, é a mesma que colocamos nós também hoje: «Que havemos nós de fazer para realizar as obras de Deus?» (Jo 6, 28). Conhecemos a resposta de Jesus: «A obra de Deus é esta: crer n’Aquele que Ele enviou» (Jo 6, 29). Por isso, crer em Jesus Cristo é o caminho para se poder chegar definitivamente à salvação.
4. À luz de tudo isto, decidi proclamar um Ano da Fé. Este terá início a 11 de Outubro de 2012, no cinquentenário da abertura do Concílio Vaticano II, e terminará na Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo, a 24 de Novembro de 2013. Na referida data de 11 de Outubro de 2012, completar-se-ão também vinte anos da publicação do Catecismo da Igreja Católica, texto promulgado pelo meu Predecessor, o Beato Papa João Paulo II, (Cf. João Paulo II, Const. ap. Fidei depositum (11 de Outubro de 1992): AAS 86 (1994), 113-118) com o objetivo de ilustrar a todos os fiéis a força e a beleza da fé. Esta obra, verdadeiro fruto do Concílio Vaticano II, foi desejada pelo Sínodo Extraordinário dos Bispos de 1985 como instrumento ao serviço da catequese (Cf. Relação final do Sínodo Extraordinário dos Bispos (7 de Dezembro de 1985), II, B, a, 4: L’Osservatore Romano (ed. port. de 22/XII/1985), 650) e foi realizado com a colaboração de todo o episcopado da Igreja Católica. E uma Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos foi convocada por mim, precisamente para o mês de Outubro de 2012, tendo por tema A nova evangelização para a transmissão da fé cristã. Será uma ocasião propícia para introduzir o complexo eclesial inteiro num tempo de particular reflexão e redescoberta da fé. Não é a primeira vez que a Igreja é chamada a celebrar um Ano da Fé. O meu venerado Predecessor, o Servo de Deus Paulo VI, proclamou um semelhante, em 1967, para comemorar o martírio dos apóstolos Pedro e Paulo no décimo nono centenário do seu supremo testemunho. Idealizou-o como um momento solene, para que houvesse, em toda a Igreja, «uma autêntica e sincera profissão da mesma fé»; quis ainda que esta fosse confirmada de maneira «individual e colectiva, livre e consciente, interior e exterior, humilde e franca» (Paulo VI, Exort. ap. Petrum et Paulum Apostolos, no XIX centenário do martírio dos Apóstolos São Pedro e São Paulo (22 de Fevereiro de 1967): AAS 59 (1967), 196). Pensava que a Igreja poderia assim retomar «exacta consciência da sua fé para a reavivar, purificar, confirmar, confessar» (Ibid.: o.c., 198.). As grandes convulsões, que se verificaram naquele Ano, tornaram ainda mais evidente a necessidade duma tal celebração. Esta terminou com a Profissão de Fé do Povo de Deus, (Paulo VI, Profissão Solene de Fé, Homilia durante a Concelebração por ocasião do XIX centenário do martírio dos Apóstolos São Pedro e São Paulo, no encerramento do «Ano da Fé» (30 de Junho de 1968): AAS 60 (1968), 433-445) para atestar como os conteúdos essenciais, que há séculos constituem o património de todos os crentes, necessitam de ser confirmados, compreendidos e aprofundados de maneira sempre nova para se dar testemunho coerente deles em condições históricas diversas das do passado.
5. Sob alguns aspectos, o meu venerado Predecessor viu este Ano como uma «consequência e exigência pós-conciliar» (Paulo VI, Audiência Geral (14 de Junho de 1967): Insegnamenti V (1967), 801), bem ciente das graves dificuldades daquele tempo sobretudo no que se referia à profissão da verdadeira fé e da sua recta interpretação. Pareceu-me que fazer coincidir o início do Ano da Fé com o cinquentenário da abertura do Concílio Vaticano II poderia ser uma ocasião propícia para compreender que os textos deixados em herança pelos Padres Conciliares, segundo as palavras do Beato João Paulo II, «não perdem o seu valor nem a sua beleza. É necessário fazê-los ler de forma tal que possam ser conhecidos e assimilados como textos qualificados e normativos do Magistério, no âmbito da Tradição da Igreja. Sinto hoje ainda mais intensamente o dever de indicar o Concílio como a grande graça de que beneficiou a Igreja no século XX: nele se encontra uma bússola segura para nos orientar no caminho do século que começa» (João Paulo II, Carta ap. Novo millennio ineunte (6 de Janeiro de 2001), 57: AAS 93 (2001), 308). Quero aqui repetir com veemência as palavras que disse a propósito do Concílio poucos meses depois da minha eleição para Sucessor de Pedro: «Se o lermos e recebermos guiados por uma justa hermenêutica, o Concílio pode ser e tornar-se cada vez mais uma grande força para a renovação sempre necessária da Igreja» (Discurso à Cúria Romana, (22 de Dezembro de 2005): AAS 98 (2006), 52).

6. A renovação da Igreja realiza-se também através do testemunho prestado pela vida dos crentes: de facto, os cristãos são chamados a fazer brilhar, com a sua própria vida no mundo, a Palavra de verdade que o Senhor Jesus nos deixou. O próprio Concílio, na Constituição dogmática Lumen Gentium, afirma: «Enquanto Cristo “santo, inocente, imaculado” (Heb 7, 26), não conheceu o pecado (cf. 2 Cor 5, 21), mas veio apenas expiar os pecados do povo (cf. Heb 2, 17), a Igreja, contendo pecadores no seu próprio seio, simultaneamente santa e sempre necessitada de purificação, exercita continuamente a penitência e a renovação. A Igreja “prossegue a sua peregrinação no meio das perseguições do mundo e das consolações de Deus”, anunciando a cruz e a morte do Senhor até que Ele venha (cf. 1 Cor 11, 26). Mas é robustecida pela força do Senhor ressuscitado, de modo a vencer, pela paciência e pela caridade, as suas aflições e dificuldades tanto internas como externas, e a revelar, velada mas fielmente, o seu mistério, até que por fim se manifeste em plena luz» (Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. sobre a Igreja Lumen Gentium, 8).
Nesta perspectiva, o Ano da Fé é convite para uma autêntica e renovada conversão ao Senhor, único Salvador do mundo. No mistério da sua morte e ressurreição, Deus revelou plenamente o Amor que salva e chama os homens à conversão de vida por meio da remissão dos pecados (cf. Act 5, 31). Para o apóstolo Paulo, este amor introduz o homem numa vida nova: «Pelo Baptismo fomos sepultados com Ele na morte, para que, tal como Cristo foi ressuscitado de entre os mortos pela glória do Pai, também nós caminhemos numa vida nova» (Rm 6, 4). Em virtude da fé, esta vida nova plasma toda a existência humana segundo a novidade radical da ressurreição. Na medida da sua livre disponibilidade, os pensamentos e os afectos, a mentalidade e o comportamento do homem vão sendo pouco a pouco purificados e transformados, ao longo de um itinerário jamais completamente terminado nesta vida. A «fé, que actua pelo amor» (Gl 5, 6), torna-se um novo critério de entendimento e de acção, que muda toda a vida do homem (cf. Rm 12, 2; Cl 3, 9-10; Ef 4, 20-29; 2 Cor 5, 17).
7. «Caritas Christi urget nos – o amor de Cristo nos impele» (2 Cor 5, 14): é o amor de Cristo que enche os nossos corações e nos impele a evangelizar. Hoje, como outrora, Ele envia-nos pelas estradas do mundo para proclamar o seu Evangelho a todos os povos da terra (cf. Mt 28, 19). Com o seu amor, Jesus Cristo atrai a Si os homens de cada geração: em todo o tempo, Ele convoca a Igreja confiando-lhe o anúncio do Evangelho, com um mandato que é sempre novo. Por isso, também hoje é necessário um empenho eclesial mais convicto a favor duma nova evangelização, para descobrir de novo a alegria de crer e reencontrar o entusiasmo de comunicar a fé. Na descoberta diária do seu amor, ganha força e vigor o compromisso missionário dos crentes, que jamais pode faltar. Com efeito, a fé cresce quando é vivida como experiência de um amor recebido e é comunicada como experiência de graça e de alegria. A fé torna-nos fecundos, porque alarga o coração com a esperança e permite oferecer um testemunho que é capaz de gerar: de facto, abre o coração e a mente dos ouvintes para acolherem o convite do Senhor a aderir à sua Palavra a fim de se tornarem seus discípulos. Os crentes – atesta Santo Agostinho – «fortificam-se acreditando» (De utilitate credendi, 1, 2). O Santo Bispo de Hipona tinha boas razões para falar assim. Como sabemos, a sua vida foi uma busca contínua da beleza da fé enquanto o seu coração não encontrou descanso em Deus (Cf. Confissões, 1, 1). Os seus numerosos escritos, onde se explica a importância de crer e a verdade da fé, permaneceram até aos nossos dias como um património de riqueza incomparável e consentem ainda a tantas pessoas à procura de Deus de encontrarem o justo percurso para chegar à «porta da fé».
Por conseguinte, só acreditando é que a fé cresce e se revigora; não há outra possibilidade de adquirir certeza sobre a própria vida, senão abandonar-se progressivamente nas mãos de um amor que se experimenta cada vez maior porque tem a sua origem em Deus.
8. Nesta feliz ocorrência, pretendo convidar os Irmãos Bispos de todo o mundo para que se unam ao Sucessor de Pedro, no tempo de graça espiritual que o Senhor nos oferece, a fim de comemorar o dom precioso da fé. Queremos celebrar este Ano de forma digna e fecunda. Deverá intensificar-se a reflexão sobre a fé, para ajudar todos os crentes em Cristo a tornarem mais consciente e revigorarem a sua adesão ao Evangelho, sobretudo num momento de profunda mudança como este que a humanidade está a viver. Teremos oportunidade de confessar a fé no Senhor Ressuscitado nas nossas catedrais e nas igrejas do mundo inteiro, nas nossas casas e no meio das nossas famílias, para que cada um sinta fortemente a exigência de conhecer melhor e de transmitir às gerações futuras a fé de sempre. Neste Ano, tanto as comunidades religiosas como as comunidades paroquiais e todas as realidades eclesiais, antigas e novas, encontrarão forma de fazer publicamente profissão do Credo.
9. Desejamos que este Ano suscite, em cada crente, o anseio de confessar a fé plenamente e com renovada convicção, com confiança e esperança. Será uma ocasião propícia também para intensificar a celebração da fé na liturgia, particularmente na Eucaristia, que é «a meta para a qual se encaminha a acção da Igreja e a fonte de onde promana toda a sua força» (Conc. Ecum. Vat. II, Const. sobre a Sagrada Liturgia Sacrosanctum Concilium, 10).  Simultaneamente esperamos que o testemunho de vida dos crentes cresça na sua credibilidade. Descobrir novamente os conteúdos da fé professada, celebrada, vivida e rezada (Cf. João Paulo II, Const. ap. Fidei depositum (11 de Outubro de 1992): AAS 86 (1994), 116) e reflectir sobre o próprio acto com que se crê, é um compromisso que cada crente deve assumir, sobretudo neste Ano.
Não foi sem razão que, nos primeiros séculos, os cristãos eram obrigados a aprender de memória o Credo. É que este servia-lhes de oração diária, para não esquecerem o compromisso assumido com o Baptismo. Recorda-o, com palavras densas de significado, Santo Agostinho quando afirma numa homilia sobre a redditio symboli (a entrega do Credo): «O símbolo do santo mistério, que recebestes todos juntos e que hoje proferistes um a um, reúne as palavras sobre as quais está edificada com solidez a fé da Igreja, nossa Mãe, apoiada no alicerce seguro que é Cristo Senhor. E vós recebeste-lo e proferiste-lo, mas deveis tê-lo sempre presente na mente e no coração, deveis repeti-lo nos vossos leitos, pensar nele nas praças e não o esquecer durante as refeições; e, mesmo quando o corpo dorme, o vosso coração continue de vigília por ele» (Sermo 215, 1).
10. Queria agora delinear um percurso que ajude a compreender de maneira mais profunda os conteúdos da fé e, juntamente com eles, também o acto pelo qual decidimos, com plena liberdade, entregar-nos totalmente a Deus. De facto, existe uma unidade profunda entre o acto com que se crê e os conteúdos a que damos o nosso assentimento. O apóstolo Paulo permite entrar dentro desta realidade quando escreve: «Acredita-se com o coração e, com a boca, faz-se a profissão de fé» (Rm 10, 10). O coração indica que o primeiro acto, pelo qual se chega à fé, é dom de Deus e acção da graça que age e transforma a pessoa até ao mais íntimo dela mesma.
A este respeito é muito eloquente o exemplo de Lídia. Narra São Lucas que o apóstolo Paulo, encontrando-se em Filipos, num sábado foi anunciar o Evangelho a algumas mulheres; entre elas, estava Lídia. «O Senhor abriu-lhe o coração para aderir ao que Paulo dizia» (Act 16, 14). O sentido contido na expressão é importante. São Lucas ensina que o conhecimento dos conteúdos que se deve acreditar não é suficiente, se depois o coração – autêntico sacrário da pessoa – não for aberto pela graça, que consente de ter olhos para ver em profundidade e compreender que o que foi anunciado é a Palavra de Deus.
Por sua vez, o professar com a boca indica que a fé implica um testemunho e um compromisso públicos. O cristão não pode jamais pensar que o crer seja um facto privado. A fé é decidir estar com o Senhor, para viver com Ele. E este «estar com Ele» introduz na compreensão das razões pelas quais se acredita. A fé, precisamente porque é um acto da liberdade, exige também assumir a responsabilidade social daquilo que se acredita. No dia de Pentecostes, a Igreja manifesta, com toda a clareza, esta dimensão pública do crer e do anunciar sem temor a própria fé a toda a gente. É o dom do Espírito Santo que prepara para a missão e fortalece o nosso testemunho, tornando-o franco e corajoso.
A própria profissão da fé é um acto simultaneamente pessoal e comunitário. De facto, o primeiro sujeito da fé é a Igreja. É na fé da comunidade cristã que cada um recebe o Baptismo, sinal eficaz da entrada no povo dos crentes para obter a salvação. Como atesta o Catecismo da Igreja Católica, «“Eu creio”: é a fé da Igreja, professada pessoalmente por cada crente, principalmente por ocasião do Baptismo. “Nós cremos”: é a fé da Igreja, confessada pelos bispos reunidos em Concílio ou, de modo mais geral, pela assembleia litúrgica dos crentes. “Eu creio”: é também a Igreja, nossa Mãe, que responde a Deus pela sua fé e nos ensina a dizer: “Eu creio”, “Nós cremos”» (Catecismo da Igreja Católica, 167).
Como se pode notar, o conhecimento dos conteúdos de fé é essencial para se dar o próprio assentimento, isto é, para aderir plenamente com a inteligência e a vontade a quanto é proposto pela Igreja. O conhecimento da fé introduz na totalidade do mistério salvífico revelado por Deus. Por isso, o assentimento prestado implica que, quando se acredita, se aceita livremente todo o mistério da fé, porque o garante da sua verdade é o próprio Deus, que Se revela e permite conhecer o seu mistério de amor (Cf. Conc. Ecum. Vat. I, Const. dogm. sobre a fé católica Dei Filius, cap. III: DS 3008-3009; Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. sobre a Revelação divina Dei Verbum, 5)

Por outro lado, não podemos esquecer que, no nosso contexto cultural, há muitas pessoas que, embora não reconhecendo em si mesmas o dom da fé, todavia vivem uma busca sincera do sentido último e da verdade definitiva acerca da sua existência e do mundo. Esta busca é um verdadeiro «preâmbulo» da fé, porque move as pessoas pela estrada que conduz ao mistério de Deus. De facto, a própria razão do homem traz inscrita em si mesma a exigência «daquilo que vale e permanece sempre» (Bento XVI, Discurso no «Collège des Bernardins» (Paris, 12 de Setembro de 2008): AAS 100 (2008), 722). Esta exigência constitui um convite permanente, inscrito indelevelmente no coração humano, para se pôr a caminho ao encontro d’Aquele que não teríamos procurado se Ele não tivesse já vindo ao nosso encontro (Cf. Santo Agostinho, Confissões, 13, 1). É precisamente a este encontro que nos convida e abre plenamente a fé.
11. Para chegar a um conhecimento sistemático da fé, todos podem encontrar um subsídio precioso e indispensável no Catecismo da Igreja Católica. Este constitui um dos frutos mais importantes do Concílio Vaticano II. Na Constituição Apostólica Fidei depositum – não sem razão assinada na passagem do trigésimo aniversário da abertura do Concílio Vaticano II – o Beato João Paulo II escrevia: «Este catecismo dará um contributo muito importante à obra de renovação de toda a vida eclesial (...). Declaro-o norma segura para o ensino da fé e, por isso, instrumento válido e legítimo ao serviço da comunhão eclesial» (João Paulo II, Const. ap. Fidei depositum (11 de Outubro de 1992): AAS 86 (1994), 115 e 117). 
É precisamente nesta linha que o Ano da Fé deverá exprimir um esforço generalizado em prol da redescoberta e do estudo dos conteúdos fundamentais da fé, que têm no  Catecismo da Igreja Católica a sua síntese sistemática e orgânica. Nele, de facto, sobressai a riqueza de doutrina que a Igreja acolheu, guardou e ofereceu durante os seus dois mil anos de história. Desde a Sagrada Escritura aos Padres da Igreja, desde os Mestres de teologia aos Santos que atravessaram os séculos, o Catecismo oferece uma memória permanente dos inúmeros modos em que a Igreja meditou sobre a fé e progrediu na doutrina para dar certeza aos crentes na sua vida de fé.
Na sua própria estrutura, o Catecismo da Igreja Católica apresenta o desenvolvimento da fé até chegar aos grandes temas da vida diária. Repassando as páginas, descobre-se que o que ali se apresenta não é uma teoria, mas o encontro com uma Pessoa que vive na Igreja. Na verdade, a seguir à profissão de fé, vem a explicação da vida sacramental, na qual Cristo está presente e operante, continuando a construir a sua Igreja. Sem a liturgia e os sacramentos, a profissão de fé não seria eficaz, porque faltaria a graça que sustenta o testemunho dos cristãos. Na mesma linha, a doutrina do Catecismo sobre a vida moral adquire todo o seu significado, se for colocada em relação com a fé, a liturgia e a oração.
12. Assim, no Ano em questão, o Catecismo da Igreja Católica poderá ser um verdadeiro instrumento de apoio da fé, sobretudo para quantos têm a peito a formação dos cristãos, tão determinante no nosso contexto cultural. Com tal finalidade, convidei a Congregação para a Doutrina da Fé a redigir, de comum acordo com os competentes Organismos da Santa Sé, uma Nota, através da qual se ofereçam à Igreja e aos crentes algumas indicações para viver, nos moldes mais eficazes e apropriados, este Ano da Fé ao serviço do crer e do evangelizar.
De facto, em nossos dias mais do que no passado, a fé vê-se sujeita a uma série de interrogativos, que provêm duma diversa mentalidade que, particularmente hoje, reduz o âmbito das certezas racionais ao das conquistas científicas e tecnológicas. Mas, a Igreja nunca teve medo de mostrar que não é possível haver qualquer conflito entre fé e ciência autêntica, porque ambas tendem, embora por caminhos diferentes, para a verdade (Cf. João Paulo II, Carta enc. Fides et ratio (14 de Setembro de 1998), 34.106: AAS 91 (1999), 31-32.86-87).

13. Será decisivo repassar, durante este Ano, a história da nossa fé, que faz ver o mistério insondável da santidade entrelaçada com o pecado. Enquanto a primeira põe em evidência a grande contribuição que homens e mulheres prestaram para o crescimento e o progresso da comunidade com o testemunho da sua vida, o segundo deve provocar em todos uma sincera e contínua obra de conversão para experimentar a misericórdia do Pai, que vem ao encontro de todos.
Ao longo deste tempo, manteremos o olhar fixo sobre Jesus Cristo, «autor e consumador da fé» (Heb 12, 2): n’Ele encontra plena realização toda a ânsia e anélito do coração humano. A alegria do amor, a resposta ao drama da tribulação e do sofrimento, a força do perdão face à ofensa recebida e a vitória da vida sobre o vazio da morte, tudo isto encontra plena realização no mistério da sua Encarnação, do seu fazer-Se homem, do partilhar connosco a fragilidade humana para a transformar com a força da sua ressurreição. N’Ele, morto e ressuscitado para a nossa salvação, encontram plena luz os exemplos de fé que marcaram estes dois mil anos da nossa história de salvação.
Pela fé, Maria acolheu a palavra do Anjo e acreditou no anúncio de que seria Mãe de Deus na obediência da sua dedicação (cf. Lc 1, 38). Ao visitar Isabel, elevou o seu cântico de louvor ao Altíssimo pelas maravilhas que realizava em quantos a Ele se confiavam (cf. Lc 1, 46-55). Com alegria e trepidação, deu à luz o seu Filho unigénito, mantendo intacta a sua virgindade (cf. Lc 2, 6-7). Confiando em José, seu Esposo, levou Jesus para o Egipto a fim de O salvar da perseguição de Herodes (cf. Mt 2, 13-15). Com a mesma fé, seguiu o Senhor na sua pregação e permaneceu a seu lado mesmo no Gólgota (cf. Jo 19, 25-27). Com fé, Maria saboreou os frutos da ressurreição de Jesus e, conservando no coração a memória de tudo (cf. Lc 2, 19.51), transmitiu-a aos Doze reunidos com Ela no Cenáculo para receberem o Espírito Santo (cf. Act 1, 14; 2, 1-4).
Pela fé, os Apóstolos deixaram tudo para seguir o Mestre (cf. Mc 10, 28). Acreditaram nas palavras com que Ele anunciava o Reino de Deus presente e realizado na sua Pessoa (cf. Lc 11, 20). Viveram em comunhão de vida com Jesus, que os instruía com a sua doutrina, deixando-lhes uma nova regra de vida pela qual haveriam de ser reconhecidos como seus discípulos depois da morte d’Ele (cf. Jo 13, 34-35). Pela fé, foram pelo mundo inteiro, obedecendo ao mandato de levar o Evangelho a toda a criatura (cf. Mc 16, 15) e, sem temor algum, anunciaram a todos a alegria da ressurreição, de que foram fiéis testemunhas.
 Pela fé, os discípulos formaram a primeira comunidade reunida à volta do ensino dos Apóstolos, na oração, na celebração da Eucaristia, pondo em comum aquilo que possuíam para acudir às necessidades dos irmãos (cf. Act 2, 42-47).
Pela fé, os mártires deram a sua vida para testemunhar a verdade do Evangelho que os transformara, tornando-os capazes de chegar até ao dom maior do amor com o perdão dos seus próprios perseguidores.
Pela fé, homens e mulheres consagraram a sua vida a Cristo, deixando tudo para viver em simplicidade evangélica a obediência, a pobreza e a castidade, sinais concretos de quem aguarda o Senhor, que não tarda a vir. Pela fé, muitos cristãos se fizeram promotores de uma acção em prol da justiça, para tornar palpável a palavra do Senhor, que veio anunciar a libertação da opressão e um ano de graça para todos (cf. Lc 4, 18-19).
Pela fé, no decurso dos séculos, homens e mulheres de todas as idades, cujo nome está escrito no Livro da vida (cf. Ap 7, 9; 13, 8), confessaram a beleza de seguir o Senhor Jesus nos lugares onde eram chamados a dar testemunho do seu ser cristão: na família, na profissão, na vida pública, no exercício dos carismas e ministérios a que foram chamados.
Pela fé, vivemos também nós, reconhecendo o Senhor Jesus vivo e presente na nossa vida e na história.
14. O Ano da Fé será uma ocasião propícia também para intensificar o testemunho da caridade. Recorda São Paulo: «Agora permanecem estas três coisas: a fé, a esperança e a caridade; mas a maior de todas é a caridade» (1 Cor 13, 13). Com palavras ainda mais incisivas – que não cessam de empenhar os cristãos –, afirmava o apóstolo Tiago: «De que aproveita, irmãos, que alguém diga que tem fé, se não tiver obras de fé? Acaso essa fé poderá salvá-lo? Se um irmão ou uma irmã estiverem nus e precisarem de alimento quotidiano, e um de vós lhes disser: “Ide em paz, tratai de vos aquecer e de matar a fome”, mas não lhes dais o que é necessário ao corpo, de que lhes aproveitará? Assim também a fé: se ela não tiver obras, está completamente morta. Mais ainda! Poderá alguém alegar sensatamente: “Tu tens a fé, e eu tenho as obras; mostra-me então a tua fé sem obras, que eu, pelas minhas obras, te mostrarei a minha fé”» (Tg 2, 14-18). 
A fé sem a caridade não dá fruto, e a caridade sem a fé seria um sentimento constantemente à mercê da dúvida. Fé e caridade reclamam-se mutuamente, de tal modo que uma consente à outra de realizar o seu caminho. De facto, não poucos cristãos dedicam amorosamente a sua vida a quem vive sozinho, marginalizado ou excluído, considerando-o como o primeiro a quem atender e o mais importante a socorrer, porque é precisamente nele que se espelha o próprio rosto de Cristo. Em virtude da fé, podemos reconhecer naqueles que pedem o nosso amor o rosto do Senhor ressuscitado. «Sempre que fizestes isto a um dos meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes» (Mt 25, 40): estas palavras de Jesus são uma advertência que não se deve esquecer e um convite perene a devolvermos aquele amor com que Ele cuida de nós. É a fé que permite reconhecer Cristo, e é o seu próprio amor que impele a socorrê-Lo sempre que Se faz próximo nosso no caminho da vida. Sustentados pela fé, olhamos com esperança o nosso serviço no mundo, aguardando «novos céus e uma nova terra, onde habite a justiça» (2 Ped 3, 13; cf. Ap 21, 1).
15. Já no termo da sua vida, o apóstolo Paulo pede ao discípulo Timóteo que «procure a fé» (cf. 2 Tm 2, 22) com a mesma constância de quando era novo (cf. 2 Tm 3, 15). Sintamos este convite dirigido a cada um de nós, para que ninguém se torne indolente na fé. Esta é companheira de vida, que permite perceber, com um olhar sempre novo, as maravilhas que Deus realiza por nós. Solícita a identificar os sinais dos tempos no hoje da história, a fé obriga cada um de nós a tornar-se sinal vivo da presença do Ressuscitado no mundo. Aquilo de que o mundo tem hoje particular necessidade é o testemunho credível de quantos, iluminados na mente e no coração pela Palavra do Senhor, são capazes de abrir o coração e a mente de muitos outros ao desejo de Deus e da vida verdadeira, aquela que não tem fim.
Que «a Palavra do Senhor avance e seja glorificada» (2 Ts 3, 1)! Possa este Ano da Fé tornar cada vez mais firme a relação com Cristo Senhor, dado que só n’Ele temos a certeza para olhar o futuro e a garantia dum amor autêntico e duradouro. As seguintes palavras do apóstolo Pedro lançam um último jorro de luz sobre a fé: «É por isso que exultais de alegria, se bem que, por algum tempo, tenhais de andar aflitos por diversas provações; deste modo, a qualidade genuína da vossa fé – muito mais preciosa do que o ouro perecível, por certo também provado pelo fogo – será achada digna de louvor, de glória e de honra, na altura da manifestação de Jesus Cristo. Sem O terdes visto, vós O amais; sem O ver ainda, credes n’Ele e vos alegrais com uma alegria indescritível e irradiante, alcançando assim a meta da vossa fé: a salvação das almas» (1 Ped 1, 6-9). A vida dos cristãos conhece a experiência da alegria e a do sofrimento. Quantos Santos viveram na solidão! Quantos crentes, mesmo em nossos dias, provados pelo silêncio de Deus, cuja voz consoladora queriam ouvir! As provas da vida, ao mesmo tempo que permitem compreender o mistério da Cruz e participar nos sofrimentos de Cristo (cf. Cl 1, 24) , são prelúdio da alegria e da esperança a que a fé conduz: «Quando sou fraco, então é que sou forte» (2 Cor 12, 10). Com firme certeza, acreditamos que o Senhor Jesus derrotou o mal e a morte. Com esta confiança segura, confiamo-nos a Ele: Ele, presente no meio de nós, vence o poder do maligno (cf. Lc 11, 20); e a Igreja, comunidade visível da sua misericórdia, permanece n’Ele como sinal da reconciliação definitiva com o Pai.
À Mãe de Deus, proclamada «feliz porque acreditou» (cf. Lc 1, 45), confiamos este tempo de graça.
Dado em Roma, junto de São Pedro, no dia 11 de Outubro do ano 2011, sétimo de Pontificado.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Não dar atenção


Seja uma pessoa séria, consciente, responsável. Alegre, serena e leal. Mas não se fixe demasiadamente sobre si mesmo. A autoanálise exaustiva faz mal, nos adoece e intraquiliza. E muitas vezes revela traços de puro egoísmo, orgulho, vaidade.
Para você não ficar a vida inteira dobrado narcisisticamente sobre si mesmo, absorva-se em trabalhos, projetos e hobbies que lhe agradam, dos quais você gosta. Concentrar-se sadiamente em algo que nos interessa é bom remédio, terapia salutar.
Os tímidos e angustiados, os medrosos e os exageradamente preocupados costumam ser introvertidos. A cura está na extroversão, que faz esquecer o problema, ao menos por algum tempo. Distrair-se, mudar o enfoque, desconversar, é o segredo de  muitas vitórias.

( Padre Roque Schneider )

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Autores humanos da Sagrada Escritura inspirados por Deus


Deus inspirou os autores dos livros sagrados.
"Na redação dos livros sagrados, Deus escolheu homens, dos quais se serviu fazendo-os usar suas próprias faculdades e capacidades, a fim de que, agindo ele próprio neles e por meio deles, escrevessem, como verdadeiros autores, tudo e só aquilo que ele  próprio queria.

Os livros inspirados ensinam a verdade. Portanto, já que tudo o que os autores inspirados ( ou hagiógrafos ) afirmam deve ser tido como afirmado pelo Espírito Santo, deve-se professar que os livros da Escritura ensinam com certeza, fielmente e sem erro a verdade que Deus em vista de nossa salvação quis que fosse consignada nas Sagradas Escrituras.

( Catecismo da Igreja Católica, 106-107 )

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Consagração ao Espírito Santo


Espírito Santo, amor substancial
do Pai e do Filho.
Amor incriado,
que habitas nas almas justas,
vem sobre mim
com um  novo Pentecostes,
trazendo-me a abundância dos teus dons,
dos teus frutos, da tua graça,
e une-te a mim
qual Esposo dulcíssimo da minha alma.
Eu me consagro totalmente a ti:
invade-me, toma-me, possui-me toda(o).

Sê luz penetrante
que ilumine a minha inteligência,
moção suave que atraia
e dirija a minha vontade,
força sobrenatural
que dê vigor ao meu corpo.
Completa em mim
a tua obra de purificação,
de santificação, de amor.

Torna-me pura, transparente,
simples, verdadeira;
livre, pacífica e suave;
calma, serna (o), mesmo na dor;
ardente de amor para com Deus
e para com o próximo.

( Irmã Carmela do Espírito Santo ( 1903-1949 )

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

O ser é mais importante do que o ter e o saber.


Um executivo muito bem-sucedido e informado foi fazer um passeio turístico. Para a travessia de uma à outra margem do rio, alugou uma canoa que era conduzida por um pescador. Durante o percurso, perguntou ao pescador:
-Você sabe ler e escrever ?
-Não, sou analfabeto -respondeu o pescador.
O executivo então lhe disse:
-Você está perdendo parte da sua vida por não saber ler e escrever.
E o pescador continuou o percurso. Mais adiante o executivo fez outra pergunta:
-Você entende de política ?
-Não, senhor, pois nunca pude estudar - respondeu o pescador.
O executivo mais uma vez sentenciou:
-Você está perdendo uma boa parte da vida.
A canoa, continuando seu curso, bateu numa pedra. O pescador perguntou então ao executivo:
-O senhor sabe nadar?
-Não - respondeu ele, desesperado.
O pescador tranquilamente completou:
-Então o senhor vai perder sua vida toda, pois a canoa está afundando.

Atualmente nós no preocupamos muito em estar bem informados, fazer cursos, falar outras línguas. Tudo isso é importante, principalmente no mundo de hoje, cheio de tantas informações, onde as coisas mudam a cada segundo. Mas não podemos nos esquecer do essencial, das coisas simples. De nada adianta sabermos tanto, termos tanto... e não sermos nada. Muitas vezes somos como esse executivo: valorizamos muito o ter e o saber e desprezamos a essência do ser.

( Para que minha vida se transforme, Maria Salette e Wilma Ruggeri )

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Matrimônio, sinal da Aliança de Cristo e da Igreja


Toda a vida cristã traz a marca do amor esponsal de Cristo e da Igreja. Já o Batismo, entrada no Povo de Deus, é um mistério nupcial: é, por assim dizer, o banho das núpcias que precede o banquete de núpcias, a Eucaristia. O Matrimônio cristão se torna, por sua vez, sinal eficaz, sacramento da aliança de Cristo e da Igreja. O Matrimônio entre batizados é um verdadeiro sacramento da nova aliança, pois significa e comunica a graça.

( CIC, 1617 )

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Luz e Sombra


Em suas preces, Jesus falava ao Pai dos homens. E o que ele rezava ?O que pedia Jesus ? Os dons espirituais, as dimensões do reino, a fé dos discípulos. Jesus suplicava ao Pai a unidade dos seus, o crescimento no amor, a libertação dos males do mundo, a fortaleza para as dificuldades. 

Embeba sua vida cristã nesta dimensão de súplica, a exemplo do Mestre. Reze, pedindo pelos que sofrem, pelas vítimas do ódio, da inveja, da maldade, da prepotência. Leve até Deus as grandes necessidades da Igreja e da humanidade, os grandes problemas que desafiam no século, afastando-o da justiça, da fraternidade, do amor.

"As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias do homem de hoje, especialmente dos pobres e dos sofredores", são também as nossas. Como discípulos do Senhor, façamos subir ao céu, através da oração, o que é luz e o que é sombra. Em nossa vida. E na caminhada dos irmãos.

( Padre Roque Schneider )

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Ser grato por tudo


A gratidão não se apega a nada. Ela exprime uma atitude fundamental que pode ser alimenta por tudo o que acontece. A cada momento posso ser grato, grato por aquilo que me acontece neste instante, que me põe em movimento, que me desafia, que me traz felicidade.

Quem puder lembrar-se vivamente de experiências boas do passado, dispõe de uma fonte quase inesgotável. Quem olhar com gratidão para sua vida, concordará com aquilo que lhe aconteceu. Ele deixará de rebelar-se contra si e seu destino. Atravesse seu dia de hoje ao lado do anjo da gratidão. Você possará a ver tudo numa luz nova. Perceberá que sua vida ganha um novo sabor.

Olhe com gratidão para aquilo que recebeu dos homens que viveram antes de você e para as idéias que outros trazem  a este mundo. Coisas novas também querem aparecer por meio de você. Deus  é o eternamente novo. Ele constituiu um novo início também em você. Por seu intermédio, ele quer trazer novas palavras, novos pensamentos, novas soluções para esse mundo. Dê uma nova forma à sua vida, de acordo com a confiança que o Deus eternamente novo deposita em você.

Nem o infortúnio é capaz de expulsar a alegria daquele que consegue mostrar-se grato mesmo quando as coisas não lhe agradam. A gratidão o ensinará que mesmo aquilo que atrapalha os seus planos pode abrir novas portas que dão acesso a espaços amplos e a caminhos maravilhosos inopinados.

Não se compare com os outros. Agradeça a Deus o que ele lhe deu e o que continua oferecendo-lhe a cada momento. Em vez de olhar para os outros, procure ver a sua própria situação.Permaneça em si mesmo, esteja simplesmente presente. É esta a condição necessária para encontrar sossego: estar aí, em harmonia consigo próprio, aproveitando em paz o momento presente. 

Ao agradecer ao outro, você aprende simultaneamente a amá-lo. E assim sua gratidão se transforma em bênção para o outro.

( Anselm Grün )

segunda-feira, 30 de julho de 2012

A prisão dos bens materiais

A trajetória religiosa-espiritual começa sempre com uma busca. Deus lança o apelo esperando nossa resposta.
Dificilmente se coloca a caminho quem jamais se questiona, quem se instala na poltrona do comodismo, do mais fácil, fugindo dos desafios. Raramente se colocam a caminho os que transformam sua vida num supermercado... na ânsia de adquirir objetos e coisas, de empilhar mercadorias, de construir conforto e bem-estar à sua volta. Cortante e questionadora é a frase de Saint-Exupéry:

"Trabalhando apenas para conseguir bens materiais, não fazemos mais do que construir nossa própria prisão. Encerramo-nos solitários com nossa provisão de cinzas, que não nos proporciona nada de útil e verdadeiro".

( Cinco minutos com Deus, Roque Schneider )

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Nunca é tarde demais


Em conversas fico sempre sabendo quantas pessoas sofrem por não terem realmente vivido. Elas têm a impressão de que até agora apenas preencheram as expectativas dos outros, mas nunca viveram realmente o que existe dentro delas, só passaram pela vida. E agora têm a impressão de que é tarde demais para encontrar o caminho de volta à sua vida. Mas nunca é tarde demais. Não se trata de lamentar o passado. Agora, neste momento, sou capaz de viver inteiramente, e não preciso fazer tudo diferente. Basta simplesmente chegar, estar em contato e viver consigo mesmo. Quando vivo conscientemente o dia de hoje, à noite, como o filósofo romano Sêneca: " Todas as manhãs trarão um novo ganho para aquele que todas as noites puder dizer 'eu vivi ' ". Quando eu realmente vivo hoje, o dia de amanhã também será bem-sucedido.


(Anselm Grün )

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Tudo depende da maneira de falar


Certa vez, um rei sonhou que havia perdido todos os dentes. Logo que despertou, mandou chamar um adivinho para que interpretasse seu sonho.
-Que desgraça, senhor ! - exclamou o adivinho. - Cada dente caído representa a perda de um parente de Vossa Majestade.
- Mas que atrevimento! - gritou o rei, enfurecido. - Como te atreves a dizer-me semelhante coisa? Fora daqui !
Chamou os guardas e ordenou que lhe dessem cem açoites. Mandou que trouxessem outro adivinho e contou-lhe sobre o sonho. Este, após ouvir o rei com atenção, disse-lhe:
-Senhor, grande felicidade vos está reservada ! O sonho significa que haveis de sobreviver a todos os vossos parentes.
A fisionomia do rei iluminou-se num sorriso, e ele mandou dar cem moedas de ouro ao segundo adivinho. Quando este saía do palácio, um dos cortesãos lhe disse admirado:
-Não é possível ! A interpretação que você fez foi a mesma que o seu colega havia feito. Não entendo por que ao primeiro ele pagou com cem açoites e a você com cem moedas de ouro.

- Lembra-se, meu amigo respondeu o adivinho, que tudo depende da maneira como se diz alguma coisa...

" Uma mesma verdade pode ser aceita ou não, dependendo apenas da maneira como é dita ".

( Extraído do livro, Para que minha vida se transforme, Maria Salette e Wilma Ruggeri )

domingo, 8 de julho de 2012

Anseio pelo infinito


"Nunca estamos contentes onde estamos".

O desejo grande que toda gente tem de descobrir coisas novas, outros mundos, é desse desejo que nasce o progresso. A bússola. Os grandes descobridores da América, do Brasil, das Índias, da Antártica. A máquina a vapor. A luz elétrica. A imprensa. O rádio. O cinema. A televisão. Os satélites artificiais. A viagem até a lua. A informática. Os raios lêiser e os robôs. A fibra  ótica. Os transplantes. E sabe Deus aonde o progresso poderá chegar !

Mas, o importante mesmo está na alma da gente: a paz, a satisfação de ser alguém, de se sentir pessoa realizada na vida.
Certa vez alguém me falou:

-Estou farto de tudo. Vou embora para longe daqui.
 Eu me lembro que lhe respondi:
-Não adianta você fugir. De você mesmo, você não escapa.
Claro que não adianta procurar, longe ou fora, a felicidade, que só pode florescer onde Deus a plantou: no coração de cada pessoa. Ela só se encontra onde a gente está.
Vicente de Carvalho, aí pelos anos de 1920, escrevia sobre o "Velho Tema":

" Essa felicidade, que supomos árvore milagrosa, que sonhamos toda arreada de dourados pomos, existe, sim, mas nós não a alcançamos, porque está sempre apenas onde  a pomos, e nunca a pomos onde nós estamos".

Você naturalmente lembra também aquilo que o chefe do trem dizia ao Pequeno Príncipe:
- "Só as crianças sabem o que estão procurando. Elas perdem tempo com a sua boneca de pano. E a boneca se torna importante para elas".
De fato, as crianças são capazes de ficar contentes onde estão e com o pouco que possuem.
- "Elas esmagam o nariz na vidraça do trem", disse o chefe.
Elas olham a paisagem. E se sentem felizes.
Pois bem. Todo mundo sabe que esta terra não é nenhum paraíso. No entanto, eu posso, se quiser, dar a minha parcela, para que ela tenha outra vez alguma coisa daquele jardim que ela era no princípio.
Porque, é importante saber: Mesmo não tendo tudo o que desejaria, eu sou feliz, principalmente quando ajudo outros a serem felizes comigo. Vendo a alegria ao meu redor, só com isso eu me sinto mais eu. E quando penso sinceramente assim, é porque já descobri o meu caminho. E ele me faz enxergar muito adiante.
Eu posso, devo e quero fazer deste mundo um pequeno paraíso de gente que  se quer bem e se ajuda. Mas, não vou deixar meus olhos pregados apenas neste  chão. Quero contemplar, muito além do horizonte, algo bem melhor que espera por todos.
Porque, eu sei : A minha felicidade aqui não é um sonho, nem há de terminar na campa. No entanto, por mais que eu me sinta feliz, sempre haverá, no meu profundo, um desejo de algo ainda maior. É o anseio de mergulhar no Infinito de Deus.

Pai do Céu ! Você é a fonte da alegria e da paz. Só em Você eu posso encontrar aquilo que vivo procurando: a minha felicidade. Já andei terras. Já vi tanta gente diferente. Querendo ou não, todos me garantem a mesma coisa: Aonde eu for, a felicidade irá comigo. Eu tenho esta certeza, Pai: Quando recebi a vida no seio de minha mãe, Você  deixou gravada em mim aquela marca do Infinito que Você é. E é dentro de mim que eu procuro, e hei de encontrar: a paz, a felicidade, Você. Faça que eu olhe, que eu enxergue o meu interior. Me ajude, Pai, a ajudar os meus semelhantes. Um, dia, eu sei, a felicidade que começa aqui, será completa quando eles comigo, e todos nós com Você, sentirmos a realização total do nosso sonho de bem-aventurança.


( Extraído do livro, O essencial é conviver, lições de uma criança para pequenos e grandes, José Dias Goulart )

sábado, 7 de julho de 2012

Lanciano - Itália ( Ano 700 )


Em Lanciano - estamos em data não claramente definida do séc. VIII. Um  monge da ordem de São Basílio estava celebrando na Igreja dos Santos Degonciano e Domiciano. Terminada a Consagração, que ele realizara provavelmente em estado de dúvidas interiores, senão de incredulidade, a hóstia transformou-se em carne e o vinho em sangue depositado dentro do cálice. Ao ver isto, o monge, perturbado e atônito, procurou ocultar o fato; mas depois, reagindo à emoção, manifestou-o aos fiéis, que, feitos testemunhas do milagre, espalharam a notícia pela cidade. O exame das relíquias, segundo critérios rigorosamente científicos, ocorrido pela última vez em 1970, levou aos seguintes resultados muito significativos:

1 ) A hóstia, que a tradição diz ter-se transformado em carne, é realmente constituída por fibras musculares estriadas, pertencentes ao miocárdio. Acrescente-se que a massa sutil de carne humana que foi retirada dos bordos, deixando amplo vazio no centro é totalmente homogênea. Com outras palavras: não apresenta lesões, como os apresentaria se se tratasse de um pedaço de carne cortada com uma lâmina.

2 ) Quanto ao sangue, trata-se de genuíno sangue humano. Mais: o grupo sangüíneo 'A ' que pertencem os vestígios de sangue, o sangue contido na carne e o sangue de cálice revelam tratar-se sempre do mesmo sangue grupo 'AB' ( sangue comum aos Judeus ). Este é também o grupo que o professor Pierluigi  Baima Bollone, da universidade de Turim, identificou na Sagrada Mortalha ( Santo Sudário ). 

3 ) Apesar da sua antígüidade, a carne e os sangue se apresentam com uma estrutura de base  intacta e sem sinais de alterações substanciais; este fenômeno se dá sem que tenham sido utilizadas substâncias ou outros fatores aptos a conservar a matéria humana, mas, ao contrário, apesar da ação dos mais variados agentes físicos, atmosféricos, ambientais e biológicos. A linguagem das relíquias de Lanciano é clara e fascinante: verdadeira carne e verdadeiro sangue humano, na sua inalterada composição que desafia os tempos; trata-se mesmo da carne do coração, daquele coração do qual, conforme a fé, jorrou o sangue que dá a vida.

( Extraído do Livro, O segredo da Sagrada Eucaristia, prof. Felipe Aquino )

sábado, 30 de junho de 2012

Seja paciente


Francisco de Sales foi bispo de Gênova em cerca de 1600, e nesse ofício ele foi também conselheiro. Por meio de muitas cartas ele  acompanhou as pessoas em seus anseios mais profundos. Seus conselhos mostram um grande conhecimento do ser humano e ao mesmo tempo profundos sentimentos de bondade. Ele escreve: "Nunca permita que seus desejos, por menores que sejam, perturbem seu coração". Podemos ter e expressar desejos. Mas eles não podem tornar-se tão poderosos a ponto de monopolizarem nosso coração e deixá-lo inquieto.Para lidarmos com nossos desejos precisamos de paciência com nós mesmos. Pois às vezes os desejos ficam tão poderosos em nós, que nos deixam inquietos. Francisco de Sales recomenda paciência ao seu coração. "Devemos ser pacientes com todos, mas principalmente com nós mesmos".

( Anselm Grün )

terça-feira, 26 de junho de 2012

Aprenda a aceitar novas funções


Um homem morava no alto de uma montanha. Todos os dias descia até o pé da montanha para buscar água. Trazia consigo dois baldes: um balde novinho na mão direita e um balde velho na esquerda. Enchia-os de água e subia novamente a montanha. Passado um tempo, começou a notar que o balde velho chegava lá em cima quase sem água. Foi quando percebeu que ele estava todo rachado e vinha perdendo a água pelo caminho. Diante disso, o homem concluiu que aquele balde havia se tornado inútil e resolveu encostá-lo num canto. Agora só usava o balde novo.

Certo dia observou lindas flores crescendo apenas de um lado do caminho... Era justamente do lado pelo qual ele passava com o balde rachado. Então se deu conta de que o balde velho havia se tornado um importante regador. O balde velho ainda era útil.

Se numa época desempenhamos uma função que hoje já não podemos mais exercer, outra função surgirá e continuaremos a ser úteis. O que vai mudar é a maneira de contribuirmos no meio em que vivemos.

( Extraído do Livro, Para que minha vida se transforme )
(Maria Salette, Wilma Ruggeri ).


sexta-feira, 15 de junho de 2012

Um acordo com a vida


Não precisamos ser gratos só pelas gentilezas e os lados agradáveis da vida. Quando olho para trás sinto-me pleno de gratidão também pelos tempos difíceis, dos quais eu não via saída. Hoje, quando olho para trás, reconheço que minha vida não teria dado esses frutos se toda ela tivesse transcorrido sem dificuldades. Talvez então eu tivesse permanecido como um eterno aluno exemplar, egoísta e esforçado, mas apenas determinado pela razão e a vontade, sem uma profundidade de alma. Justamente quando olho para trás, para os tempos de insegurança, consigo reconhecer com gratidão que Deus me guiou, que Ele escolheu para mim o que era certo. As crises me ligaram ao meu coração. Para mim, sentir gratidão é estar em acordo com a minha vida, estar em sintonia com aquela pessoa que me tornei. E, para mim, sentir gratidão quer dizer sentir e reconhecer uma paz profunda. 

Tudo está bom como está. Mas essa gratidão também é marcada pela postura da humildade. Eu sei que não posso ter ilusões sobre o que aconteceu. As coisas poderiam ter vindo diferentes.Deus me permitiu vivenciar apenas escuridão e tanto caos quanto eu poderia suportar. Ele nunca me exigiu nada nem me testou para além das minhas forças. Portanto, a gratidão também me preserva do orgulho e me protege da ilusão sobre minhas próprias realizações ou minhas capacidades. Eu sei que tudo isso é um presente, um presente de Deus, mas também das pessoas a quem tenho muito a agradecer. Com elas eu aprendi a confiar na vida, e a ver Deus em tudo.

( Anselm Grün )

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Início dos estudos sobre o Catecismo

Nesta série sobre o "Catecismo da Igreja Católica", Professor Felipe Aquino, em seu programa "Palavras de Fé", inicia os estudos sobre este documento indispensável a todos os católicos. participe deste curso online gratuitamente, e acesse também o curso sobre "História da Igreja"





Fonte: www.webtvcn.com

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Os efeitos do sacramento do Matrimônio


Do Matrimônio válido origina-se entre os cônjuges um vínculo que, por sua natureza, é perpétuo e exclusivo; além disso, no matrimônio cristão, os cônjuges são robustecidos e como que consagrados por um sacramento especial aos deveres e à dignidade de seu estado.

O consentimento pelo qual os esposos se entregam e se acolhem mutuamente é selado  pelo próprio Deus. De sua aliança se origina também diante da sociedade uma instituição firmada por uma ordenação divina. A aliança dos esposos é integrada na aliança de Deus com os homens: O autêntico amor conjugal é assumido no amor divino.

O vínculo matrimonial é, pois, estabelecido pelo próprio Deus, de modo que o casamento realizado e consumado  entre batizados jamais pode ser dissolvido. Este vínculo que resulta do ato humano livre dos esposos e da consumação do casamento é uma realidade irrevogável e dá origem a uma aliança garantida pela fidelidade de Deus. Não cabe ao poder da Igreja pronunciar-se contra esta disposição da sabedoria divina.

( CIC= 1638,1639, 1640 ) 

domingo, 10 de junho de 2012

Oração para os namorados



Meu grande amigo Santo Antônio,
tu que és o protetor dos namorados,
olha para mim, para a minha vida,
para os meus anseios.
Defende-me dos perigos,
afasta de mim os fracassos,
as desilusões, os desencantos.
Faze que eu seja realista,
confiante, digna e alegre.
Que eu encontre um namorado(a) que me agrade,
seja trabalhador, virtuoso e responsável.
Que eu saiba caminhar para o futuro
e para a vida a dois com as disposições
de quem recebeu de Deus uma vocação sagrada e um dever social.
Que meu namoro seja feliz e meu amor sem medidas.
Que todos os namorados busquem a mútua compreensão,
a comunhão de vida e o crescimento na fé.



Assim seja.
( 1 - Pai-nosso, 3 Ave-Maria )

terça-feira, 5 de junho de 2012

A lição da borboleta


Um homem, certo dia, viu surgir uma pequena abertura num casulo. Sentou-se perto do local onde  o casulo se apoiava e ficou a observar o que aconteceria, como é que a lagarta conseguiria sair por um orifício tão miúdo. Mas logo lhe pareceu que ela havia parado de fazer qualquer progresso, como se tivesse feito todo o esforço possível e agora não conseguisse mais prosseguir. Ele resolveu então ajudá-la: pegou uma tesoura e rompeu o restante do casulo. A borboleta pôde sair com toda a facilidade, mas seu corpo estava murcho; além disso, era pequena e tinha as asas amassadas.

O homem continuou a observá-la, porque esperava que, a qualquer momento, as asas se abrissem e se estendessem para serem capazes de suportar o corpo que se firmaria a tempo. Nada aconteceu ! Na verdade, a borboleta passou o restante de sua vida rastejando com um corpo murcho e asas encolhidas. Nunca foi capaz de voar.

O que o homem, em sua gentileza e vontade de ajudar, não compreendia era que o casulo apertado e o esforço necessário à borboleta para passar através da pequena abertura eram o modo pelo qual Deus fazia com que o fluido do corpo dela circulasse até suas asas, para que ela ficasse pronta para voar assim que se livrasse daquele invólucro.

Algumas  vezes o esforço é justamente aquilo de que precisamos em nossa vida. Se Deus nos permitisse passar pela existência sem quaisquer obstáculos, ele nos condenaria a uma vida atrofiada. Não seríamos tão fortes como poderíamos ter sido. Nunca poderíamos alçar vôo.


( Para que a minha vida se transforme, Maria Salette, Wilma Ruggeri )


segunda-feira, 4 de junho de 2012

O sentido da celebração - Origem da solenidade



1. O sentido da celebração 

Na quinta-feira, após a solenidade da Santíssima Trindade, a Igreja celebra devotamente a solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, festa comumente chamada de Corpus Christi. A motivação litúrgica para tal festa é, indubitavelmente, o louvor merecido à Eucaristia, fonte de vida da Igreja. Desde o princípio de sua história, a Igreja devota à Eucaristia um zelo especial, pois reconhece neste sinal sacramental o próprio Jesus, que continua presente, vivo e atuante em meio às comunidades cristãs. Celebrar Corpus Christi significa fazer memória solene da entrega que Jesus fez de sua própria carne e sangue, para a vida da Igreja, e comprometer-nos com a missão de levar esta Boa Nova para todas as pessoas.

Poderíamos perguntar se na Quinta-Feira Santa a Igreja já não faz esta memória da Eucaristia. Claro que sim! Mas na solenidade de Corpus Christi estão presentes outros fatores que justificam sua existência no calendário litúrgico anual. Em primeiro lugar, no tríduo pascal não é possível uma celebração festiva e alegre da Eucaristia. Em segundo lugar, a festa de Corpus Christi quer ser uma manifestação pública de fé na Eucaristia. Por isso o costume geral de fazer a procissão pelas ruas da cidade. Enfim, na solenidade de Corpus Christi, além da dimensão litúrgica, está presente o dado afetivo da devoção eucarística. O Povo de Deus encontra nesta data a possibilidade de manifestar seus sentimentos diante do Cristo que caminha no meio do Povo.

2. Origem da solenidade

Na origem da festa de Corpus Christi estão presentes dados de diversas significações. Na Idade Média, o costume que invadiu a liturgia católica de celebrar a missa com as costas voltadas para o povo, foi criando certo mistério em torno da Ceia Eucarística. Todos queriam saber o que acontecia no altar, entre o padre e a hóstia. Para evitar interpretações de ordem mágica e sobrenatural da liturgia, a Igreja foi introduzindo o costume de elevar as partículas consagradas para que os fiéis pudessem olhá-la. Este gesto foi testemunhado pela primeira vez em Paris, no ano de 1200.

Entretanto, foram as visões de uma freira agostiniana, chamada Juliana, que historicamente deram início ao movimento de valorização da exposição do Santíssimo Sacramento. Em 1209, na diocese de Liége, na Bélgica, essa religiosa começa ter visões eucarísticas, que se vão suceder por um período de quase trinta anos. Nas suas visões ela via um disco lunar com uma grande mancha negra no centro. Esta lacuna foi entendida como a ausência de uma festa que celebrasse festivamente o sacramento da Eucaristia.

3. Nasce a festa do Corpus Christi

Quando as idéias de Juliana chegaram ao bispo, ele acabou por acatá-las, e em 1246, na sua diocese, celebra-se pela primeira vez uma festa do Corpo de Cristo. Seja coincidência ou providência, o bispo de Juliana vem a tornar-se o Papa Urbano IV, que estende a festa de Corpus Christi para toda Igreja, no ano de 1264. 

Mas a difusão desta festa litúrgica só será completa no pontificado de Clemente V, que reafirma sua significação no Concilio de Viena (1311-1313). Alguns anos depois, em 1317, o Papa João XXII confirma o costume de fazer uma procissão, pelas vias da cidade, com o Corpo Eucarístico de Jesus, costume testemunhado desde 1274 em algumas dioceses da Alemanha.

O Concílio de Trento (1545-1563) vai insistir na exposição pública da Eucaristia, tornando obrigatória a procissão pelas ruas da cidade. Este gesto, além de manifestar publicamente a fé no Cristo Eucarístico, era uma forma de lutar contra a tese protestante, que negava a presença real de Cristo na hóstia consagrada.

Atualmente a Igreja conserva a festa de Corpus Christi como momento litúrgico e devocional do Povo de Deus. O Código de Direito Canônico confirma a validade das exposições publicas da Eucaristia e diz que ·principalmente na solenidade do Corpo e Sangue de Cristo, haja procissão pelas vias públicas· (cân. 944).

4. A celebração do Corpo de Cristo

Santo Tomás de Aquino, o chamado doutor angélico, destacava três aspectos teológicos centrais do sacramento da Eucaristia. Primeiro, a Eucaristia faz o memorial de Jesus Cristo, que passou no meio dos homens fazendo o bem (passado). Depois, a Eucaristia celebra a unidade fundamental entre Cristo com sua Igreja e com todos os homens de boa vontade (presente). Enfim, a Eucaristia prefigura nossa união definitiva e plena com Cristo, no Reino dos Céus (futuro).

A Igreja, ao celebrar este mistério, revive estas três dimensões do sacramento. Por isso envolve com muita solenidade a festa do Corpo de Cristo. Não raro, o dia de Corpus Christi é um dia de liturgia solene e participada por um número considerável de fiéis (sobretudo nos lugares onde este dia é feriado). As leituras evangélicas deste dia lembram-nos a promessa da Eucaristia como Pão do Céu (Jo 6, 51-59 - ano A), a última Ceia e a instituição da Eucaristia (Mc 14, 12-16.22-26 - ano B) e a multiplicação dos pães para os famintos (Lc 9,11b-17 - ano C).

5. A devoção popular

Porém, precisamos destacar que muito mais do que uma festa litúrgica, a Solenidade de Corpus Christi assume um caráter devocional popular. O momento ápice da festa é certamente a procissão pelas ruas da cidade, momento em que os fiéis podem pedir as bênçãos de Jesus Eucarístico para suas casas e famílias. O costume de enfeitar as ruas com tapetes de serragem, flores e outros materiais, formando um mosaico multicor, ainda é muito comum em vários lugares. Algumas cidades tornam-se atração turística neste dia, devido à beleza e expressividade de seus tapetes. Ainda é possível encontrar cristãos que enfeitam suas casas com altares ornamentados para saudar o Santíssimo, que passa por aquela rua.

A procissão de Corpus Christi conheceu seu apogeu no período barroco. O estilo da procissão adotado no Brasil veio de Portugal, e carrega um estilo popular muito característico. Geralmente a festa termina com uma concentração em algum ambiente público, onde é dada a solene bênção do Santíssimo. Nos ambientes urbanos, apesar das dificuldades estruturais, as comunidades continuam expressando sua fé Eucarística, adaptando ao contexto urbano a visibilidade pública da Eucaristia. O importante é valorizar este momento afetivo da vida dos fiéis.

Evaldo César de Souza, C.Ss.R
Fonte:
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